A psilocibina, substância que altera a consciência e está presente em cogumelos alucinogénio, pode ajudar a “limpar” a atividade neuronal do cérebro de pessoas que sofrem com depressão.
Defensores do uso de cogumelos alucinogénios acreditam que a substância não seja apenas uma droga recreativa, mas que também pode ser utilizada como medicamento. Estudos recentes comprovam que a psilocibina afeta e acalma áreas do cérebro que ficam excessivamente ativas na depressão.
O primeiro estudo é de 2016, da Imperial College London (Inglaterra), no qual Robin Carhart-Harris e a sua equipa conduzem o primeiro teste clínico com psilocibina para tratar depressão, e os resultados foram encorajadores.
O teste envolveu 12 pessoas, sem grupo controlo, e os cientistas observaram que apenas duas sessões de psicoterapia e o uso de psilocibina foram suficientes para reduzir os sintomas em todos os voluntários.
Em 2017, a mesma equipa realizou outro estudo em que mostra que a psilocibina parece causar mudanças no cérebro das pessoas com depressão. O estudo envolveu 19 pessoas com depressão que não tinham apresentado melhorias nos tratamentos tradicionais.
Cada voluntário recebeu doses de 10mg e 25mg com sete dias de intervalo. Exames de ressonância magnética mostraram que depois de usar a substância, a atividade em algumas regiões do cérebro reduziu.
Uma dessas áreas é a amígdala, que exerce um importante papel no processamento do medo e do stresse. Os participantes relataram imediata melhoria no humor, que durou até cinco semanas.
“Mostrámos pela primeira vez mudanças claras na atividade cerebral em pessoas deprimidas tratadas com psilocibina que não respondiam aos tratamentos convencionais. Vários dos nossos pacientes disseram sentir um reset depois do tratamento”, afirma Charhart-Harris.
“Isto traz maiores evidências de que a psilocibina pode ser eficaz para o tipo mais persistente de depressão. Desenvolvimentos nessa área são uma prioridade na psiquiatria. Algumas pessoas podem passar anos num sofrimento que resiste às terapias tradicionais”, aponta Paul Morrison.
A equipa de investigadores alerta, no entanto, que as pessoas não devem tentar automedicação com substâncias psicadélicas.