Refeições escolares “más e em pouca quantidade” custam pouco mais de 1 euro ao Estado

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Na segunda-feira pais e encarregados de Educação divulgaram fotografias de refeições escolares sem qualidade ou em pouca quantidade. Agora sabe-se que o valor dessas refeições ronda o 1€.

Os valores pagos pelo Estado pela refeição escolar variam consoante a autarquia, mas em Albufeira, a refeição custa 1,07€, em Gondomar 1,24€ e em Matosinhos, por exemplo, 1,34€.

Os números foram denunciados depois da Federação Regional de Lisboa das Associações de Paos (Ferlap) ter recebido fotografias de estudantes de escolas em Oeiras, Amadora e Odivelas com imagens que mostravam refeições como rissóis por fritar ou quantidades insuficientes, alerta o Jornal de Notícias.

“Há escolas onde é possível contar os grãos de arroz que estão no prato. Na semana passada uma mãe contou que houve uma refeição apenas de arroz com feijão”, lamentou o presidente da Ferlap, Isidoro Roque.

De acordo com o presidente da Federação este é um problema que se estende a todo o território e o “primeiro responsável são as escolas que têm que vigiar o que é dado aos alunos”.

Para o presidente da Associação Nacional de dirigentes Escolares (ANDE), o grande problema reside especialmente em escolas onde o serviço é operado por empresas privadas.

As refeições deveriam ser confecionadas nas escolas, que têm cantinas e cozinhas para o fazer. Quando isso acontece não há queixas, mas atualmente muitas escolas têm entregado a confeção a privados. As refeições são técnica e cientificamente corretas mas não são apelativas para os alunos”, defendeu Manuel Pereira, presidente da ANDE.

O presidente da ANDE diz que fazer as refeições nas escolas dá muito trabalho mas garante a qualidade que muitas vezes não é conseguida pelas empresas privadas.

“Defendemos que as refeições sejam feitas pelas escolas e esta é uma questão que falamos com frequência com o ministério da Educação mas não temos feedback”, denuncia.

De acordo com a TSF, que consultou os contratos, em junho o Estado central contratualizou mais de 110 milhões de refeições escolares por valores entre 1,18 e 1,47 euros.

Pelo preço mais baixo, 1,18 euros, foram compradas 47,5 milhões de refeições, seguindo-se 4,2 milhões de almoços por 1,25 euros e 37,4 milhões por 1,26. Já 1,47 euros serviram para comprar 26,9 milhões de refeições escolares.

Pedro Graça, diretor do programa de promoção da alimentação saudável da direção Geral da Saúde (DGS) admite que os valores são baixos, tornando-se “muito difícil fazer uma refeição que cumpra os parâmetros exigidos pelo Ministério da educação nestes concursos”, acrescentando que, apesar de as regras estarem a ser cumpridas pelas empresas, “a oferta e variedade não é tão boa como desejaríamos e está muitas vezes no limite do desejável do ponto de vista nutricional“.

A Direção-Geral de Saúde quer que haja um valor mínimo para as matérias utilizadas nas refeições escolares. O especialista alerta ainda para o facto de que as empresas, para além de confecionarem as refeições, ainda as distribuem e obtêm lucro.

ZAP //

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20 Comments

    • Porquê? O Governo dos Passos e do Portas foi melhor? Tem alguma coisa a agradecer-lhes? Se sim, o que foi? Foi ter conseguido fugir aos impostos?

    • A única coisa que interessa aos senhores dos governos são os tachos e o dinheiro que conseguirem desviar para os bolsos sem ninguém saber. Continuar a votar significa que estão de acordo com este sistema, quem pensa de outra forma simplesmente tem areia nos olhos, tentem lava-los para verem melhor. Miúdos nas escolas a ter refeições decentes não tem forma de produzir qualquer lucro, portanto não interessa.

  1. E os pais tambem pagam a sua cota … para alem do estado!
    É isso q ninguem diz. Ou seja, as refeições ficam à volta de 3 a 4 €.
    O q muda completamente o cenário.
    Estou farto de noticias q contam meias verdades.

  2. Privados, cuidam do interesse de quem?
    Do bem das crianças ou do interesse deles próprios?
    Quem neste pais, defende tudo privado é que deveria explicar estas situações…

  3. Se os números da notícia estiverem correctos (o que normalmente está longe de ser um dado adquirido!) significa que são fornecidas diariamente cerca de 3.1 milhões de almoços. Ponho muitas dúvidas que exista em Portugal, e no total do ensino primário e secundário, público e privado, pouco mais de metade deste número!! Mistérios… se houver alguém que os saiba explicar…!!!

  4. Será que a comida que é servida no parlamento aos senhores deputados tem o mesmo nível de qualidade que aquela que é servida nas escolas! Eu teria vergonha andar no parlamento a comer lebre (em vez de coelho) em refeições subsidiadas em muitas dezenas de euros e depois ter as nossas crianças do ensino público a comer assim! Eu preferiria trocar, mas isto sou eu! Em minha casa nunca faltou comida, mas se faltasse, o meu filho comeria primeiro e o melhor!

  5. Eu teria vergonha de governar um país que obriga as suas crianças e jovens a passar fome na escola. Além da dívida que lhes colocámos às costas também lhe cortamos na comida. Vergonha para quem governa.
    Agora compreendo quando os meus filhos me diziam que a comida era pouca ou que nem carne nem peixe tinha. Situação digna de um país do 3º mundo.
    Sem olhar para cores politicas pois é responsabilidade de todos os últimos governantes, e de quem lança os concursos com preços abaixo do valor de mercado e não fiscaliza. Srs Governantes, tenham vergonha na cara pois é a única palavra que me vem à memória perante este senário.
    Um hambúrguer da Mac poupança alimenta mais e fica mais barato e ainda dá luco à empresa em causa.

    • Nunca se ouviu falar em situações destas aqui por estes lados, mas se tal acontece mesmo, além da escola, diria que os pais são em grande parte responsáveis!
      Então sabem disto e não fazem nada?!
      Já se sabe que o único interesse dos privados é o lucro e, se ninguém fiscaliza ou reclama, o resultado é este.
      Espero que essa do hambúrguer do Mac seja uma piada!…

  6. Os alunos sem abono, pagam na ordem do 1,50€. Quem tem abono paga metade ou não paga.
    Os funcionários das escolas, docentes e outros, pagam na ordem dos 5,00€ pela mesma refeição.
    Os preços no Restaurante da Assembleia da República não são muito diferentes mas a qualidade…ui… não tem nada haver. Mas não é para crianças, a menos que filhas de deputados.

  7. Seria importante explicar que a maioria das escolas foram forçadas a concessionar. Como? Não deixando contratar nem renovar pessoal não docente. Sem pessoal a contratação tornou-se inevitável.
    Depois falta apurar quem são os accionistas dessa empresas privadas.
    Na maioria das escola é servido paloco como sendo bacalhau (que consta na ementa).
    Quando alguma escola pede explicações a resposta é do género: “A colega está a ser demasiado zelosa!”, ou seja, isto tem cobertura visível por parte das entidades ministeriais.

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