Na noite em que Tony Carreira sobe ao palco do Le Grand Rex, em Paris, com sala esgotada, o cantor contou à Lusa que está “sem medo absolutamente nenhum” de que a polémica do alegado plágio manche a sua carreira.
Questionado sobre se receia que o caso manche um percurso profissional de quase 30 anos, o cantor afirmou, determinado: “Medo absolutamente nenhum”.
Acusado de 11 crimes de usurpação e de outros tantos de contrafação, quando a Lusa lhe perguntou se teme ir parar à prisão, a resposta foi imediata: “Se for para a cadeia, então não sei o que poderá acontecer a outros”.
O cantor alegou que está a ser alvo de chantagem da parte da Companhia Nacional de Música, que apresentou a queixa-crime que deu origem à acusação do Ministério Público, argumentando que a sua defesa vão ser os tribunais.
“O que eu tenho para me defender neste momento são os tribunais, porque estou a ser alvo de uma pessoa que me está a chantagear e que começou por me fazer a campanha na qual estou inserido neste momento. Mas claro que a defesa para mim serão os tribunais porque é aí que as pessoas resolvem as coisas, na minha opinião, não é na praça pública”, afirmou.
Tony Carreira precisou, porém, que, se veio “à praça pública”, foi para se “explicar às pessoas” que o acompanham “há tantos anos”.
O cantor, de 53 anos, confirmou que lhe foi proposto um acordo da parte do Ministério Público para a suspensão provisória do processo, caso entregasse 15.000 euros a uma instituição de solidariedade e 30.000 euros à editora que apresentou a queixa de plágio, mas estava “fora de questão” aceitar.
“Eu estaria pronto a dar esse valor ou até o dobro para uma instituição que me pareça credível e com todo o amor do mundo. Está fora de questão dar um euro para uma pessoa que, na minha opinião, é ‘chantageador’”, adiantou, sublinhando que tem ajudado várias instituições de solidariedade.
A 29 de outubro, o cantor vai participar, por exemplo, na Corrida Sempre Mulher, “uma instituição que ajuda há dez anos” na luta contra o cancro da mama.
Sobre a lista de onze canções alegadamente plagiadas, Tony Carreira reforçou que há quatro cujo nome dos autores está nos discos e três que foram alvo de um acordo com os autores há cerca de dez anos.
“Nessa lista de onze canções, há três que, inspirando-me num género de canção, são efetivamente muito próximas. Há um acordo que foi feito há sensivelmente dez anos com os autores. Há quatro que nunca assinei em meu nome e há quatro que, na opinião desse senhor, são parecidas com outras e o tribunal vai decidir”, acrescentou à Lusa.
Sobre as três canções alvo de um acordo com os autores, e gravadas “há sensivelmente 20 anos”, o cantor repetiu: “Eu nunca plagiei com vontade de plagiar”, mas sublinhou: “Eu nunca admiti que plagiei nem ontem nem hoje”.
“Eu não plagiei com a vontade de plagiar. Eu não plagiei com a vontade de copiar uma canção e, aliás, quem ouvir, vê que há lá diferenças. O que eu assumi que fiz há 20 anos e que resolvemos há sensivelmente dez é que, sem experiência – e todos os artistas já passaram por isso -, fiquei demasiadamente colado à canção na qual eu bebi e me inspirei. Eu nunca plagiei com vontade de plagiar”, reforçou.
Tony Carreira disse, ainda, que não percebe “porque é que agora se fala tanto disso”, quando afirma ter falado e resolvido o mesmo assunto há dez anos, sublinhando que continua “amigo dos autores”.
“O Rudy Pérez acabou de me mandar uma mensagem a dizer ‘Bom concerto para logo. Não ligues a isso’. A Natasha St. Pier mandou-me uma mensagem maravilhosa. Se eu estou tão amigo com os autores da polémica, não percebo como é que de repente, aparecem pessoas que não têm aqui nada a reclamar, nada a reivindicar, não percebo”, sublinhou, em declarações à Lusa.
Tony Carreira afirmou, ainda, sentir-se “maravilhoso”, “muito feliz” por ter sala cheia em Paris, e que o público na rua lhe tem dito “coisas lindas, lindas de morrer”.
“Eu tenho uma canção que gravei há uns anos que é o ‘Obrigado por tudo o que me dão’ – uma das 400 que já gravei – e lá dentro há uma frase que reflete o que o público me transmite neste momento que é ‘Como se eu fosse um filho, vocês levam-me ao colo’. Neste momento as pessoas são simplesmente brutais comigo na rua, porque se sentem quase que atacadas também”, concluiu.
No alinhamento do concerto desta noite, há canções francesas e portuguesas, nomeadamente algumas das que estão no centro da polémica do alegado plágio como “Depois de ti mais nada” e “Sonhos de Menino”, porque “não faz sentido tirar coisa nenhuma”, concluiu
// Lusa