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Mulher multada por urinar em público transforma-se em debate sobre sexismo

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sooncm / Flickr

Urinol público masculino em Amesterdão

O caso de uma mulher holandesa que foi multada em 90 euros por urinar na rua no centro de Amesterdão acabou por se transformar num debate sobre sexismo no país.

A capital holandesa, com pouco mais de 800 mil habitantes, em 35 urinóis públicos para homens, em comparação com as 3 casas de banho públicas disponíveis para mulheres.

Em 2015, Geerte Piening, de 23 anos, foi apanhada a urinar, depois de passar a noite a beber na praça de Leidseplein, no centro. Já era tarde, as lojas estavam fechadas e a casa de banho mais próxima ficava a alguns quilómetros de distância.

Na ocasião, Piening decidiu procurar uma rua tranquila onde pudesse satisfazer as suas necessidades. Segundo conta a BBC, um grupo de amigos ficou a vigiar para avisar Piening caso alguém aparecesse enquanto urinava.

No entanto, a jovem foi apanhada em flagrante por três agentes da polícia local, e presente a um juíz. “Na altura, não queria envolver-me em discussão com a polícia, mas no dia seguinte pensei ‘espera aí… vou lutar contra isto’“, conta Piening.

O magistrado que julgou o caso considerou que Piening devia ter usado um dos urinóis masculinos, em vez de urinar em público – acto punido com multa de 90 euros.

Algumas mulheres, no entanto, consideram que a sugestão do juiz é ridícula, e partilharam nas redes sociais fotos dd si próprias a tentar ilustrar as óbvias dificuldades de uma mulher em usar um urinol masculino.

O juiz comparou também a atitude da jovem com a de alguém que atira lixo para a rua em vez de usar um caixote de lixo – o que levou um utilizador a lembrar ao juíz que, ao contrário da urina, as cascas de banana podem ser guardadas no bolso e deitadas fora mais tarde – em qualquer caixote de lixo de “género neutro”.

Piening insiste que teve de usar a rua como último recurso e alega que as casas de banho públicas para mulheres noutras capitais europeias eram muito melhores. “Não é embaraçoso para uma cidade turística como Amesterdão que as mulheres não tenham onde urinar?”, questiona.

“Não era minha intenção que essa questão se tornasse uma grande questão feminista. Por outro lado, é positivo que esse problema seja discutido”, afirmou.

O juiz reconheceu que há menos casas de banho para mulheres, mas diz que a Câmara não é obrigada a disponibilizá-las.

Além disso, diz o juiz, “as mulheres são menos propensas a usar casas de banho públicas”, acrescentou, dizendo que o caso de Piening era raro. “É a segunda mulher que vejo em Tribunal por causa de um assunto destes”, teria dito o juiz.

A Câmara local, entretanto, diz que nunca houve na cidade uma política pública relativa a casas de banho públicas. “Há mais casa de banho para homens, porque é assim que sempre foi. Obviamente deveria ser igual e todos concordam que poderia ter sido feito melhor. Mas quais são os custos? Há espaço para isso? Vale a pena?”, pergunta Peter Ekker, porta-voz do Presidente.

Mas este pode não ser o fim da história.

Foi agora criado no Facebook um grupo para encorajar mulheres a juntarem-se a um protesto na cidade esta sexta-feira e lançar uma proposta para que as mulheres possam usar urinóis masculinos. Mais de 5000 pessoas já manifestaram interesse em comparecer.

ZAP //

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5 Comments

  1. Tirei da minha gaveta das memórias, aquilo que presenciei em França, Lyon.
    Um português homem, adulto, casado e com filhos foi apanhado pela Polícia, a urinar na berma de um caminho ermo e fizeram-lhe pagar uma multa, já lá vão mais de 30 anos.
    Conclusão, nada mudou!

  2. aqui por portugal,foram acabando com os wc publicos,nunca entendi a razao ,mais um caso que demostra a sociedade cada vez mais represssiva e policial que nos estamos a tornar,multar alguem as tantas da noite por urinar na via publica,que nao tem outra alternativa !deviam multar os policias por falta de bom senso,nao acredito que se trate de um caso de descriminaçao,acho que se fosse homem era igual ou pior se fosse por ca

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