Os resultados da primeira volta das eleições presidenciais francesas confirmam a vitória de Emmanuel Macron e Marine Le Pen. Os números divulgados às 20h em Paris acabam com o suspense de uma das eleições mais incertas dos últimos 50 anos no país. A segunda volta terá lugar no dia 7 de maio.
O ambiente na sede de candidatura de Emmanuel Macron é de euforia absoluta, com gritos de “Macron, presidente!“. Aos 39 anos, Macron tenta tornar-se o presidente mais jovem da 5ª República, enquanto a líder da Frente Nacional Marine Le Pen pretende ser a primeira mulher a conquistar o posto de chefe de Estado em França.
Um dos dois candidatos vai substituir o socialista François Hollande, após cinco anos de mandato marcados pela crise económica, pelo desemprego e por atentados terroristas. Se for eleito, Macron será o mais novo chefe de estado francês desde Napoleão III.
Segundo os primeiros resultados, o ex-ministro da Economia francês teve 23,7% dos votos, e a líder da extrema-direita, de 48 anos, obteve 21,7%. Os dois candidatos deixam para trás o ex-primeiro-ministro conservador François Fillon e o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, ambos com 19,5% dos votos.
Já o candidato socialista Benoît Hamon ficou no quinto lugar com 6,2% dos votos. Esta pode ser a primeira vez em que nenhum dos dois grandes partidos da 5ª República francesa, socialistas e conservadores, levam um candidato à segunda volta.
Depois de reconhecerem a derrota, François Fillon e Benoît Hamon já declararam oficialmente que vão votar “sem dúvidas ou hesitações” em Macron na segunda volta das presidenciais.
Cerca de 47 milhões de franceses foram convocados para a primeira volta da eleição presidencial deste domingo. Três horas antes do fim da votação, a participação era de 69,42%, um pouco abaixo do registado à mesma hora nas últimas eleições, em 2012, (70,59%). Porém, os índices são os mais elevados dos últimos 40 anos.
De acordo com as sondagens, a previsão de abstenção é entre 19% a 22%.
Fillon reconhece derrota e apela ao voto em Macron
O candidato conservador às eleições presidenciais em França, François Fillon, reconheceu a sua derrota e apelou ao voto em Emmanuel Macron contra Marine Le Pen na segunda volta.
“Não estou feliz, mas a abstenção não está nos meus genes, especialmente quando um partido extremista se aproxima do poder. O extremismo só pode trazer desgraça e divisão à França. Não há outra escolha senão a de votar contra a extrema-direita, portanto eu votarei em Emmanuel Macron”, declarou Fillon.
“Falta-nos escolher o que é preferível para o nosso país”, disse o candidato conservador.
Fillon, que pela primeira vez viu o partido republicano não alcançar a 2ª volta desde que o Presidente francês é eleito por sufrágio universal, assumiu toda a responsabilidade pela derrota.
Favorito no final do ano passado, após ganhar as primárias organizadas pelo seu partido, o candidato conservador caiu nas sondagens quando a imprensa revelou, em janeiro, que teria arranjado um emprego fictício de assistente parlamentar para a sua mulher.
Fillon, que atribuiu essas revelações a um complô montado a partir do Eliseu, sede da presidência francesa, assegurou hoje que a sua candidatura encontrou “obstáculos demasiado numerosos e demasiado cruéis” e sustentou que “algum dia se saberá a verdade sobre estas eleições”.
Hamon reconhece “sanção histórica” e apoia Macron
O candidato socialista Benoît Hamon, que obteve 7% dos votos nas eleições presidenciais em França, reconheceu uma “sanção histórica” ao Partido Socialista e pediu aos eleitores que apoiem Emmanuel Macron na segunda volta.
Na primeira reação a estes resultados, Hamon avisou que “a esquerda não está morta”.
O candidato do partido no Governo apelou aos eleitores para que apoiem o liberal independente Emmanuel Macron, “apesar de ele não pertencer à esquerda”.
“Distingo entre um adversário político, e uma inimiga da República. O momento é sério”, acrescentou Hamon.
Primeiro-ministro apela ao voto em Macron
O primeiro-ministro francês, Bernard Cazeneuve, pediu hoje aos eleitores para que rejeitem o apelo da candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, e votem em Emmanuel Macron na segunda volta das eleições presidenciais francesas.
“A presença de um candidato de extrema-direita 15 anos depois do impacto que houve em 2002 obriga-nos a unir todos os republicanos contra” Marine Le Pen, destacou o chefe do executivo francês.
Cazeneuve referia-se à vitória de Jean-Marie Le Pen – pai de Marine – em 2002 contra o candidato do Partido Socialista, Lionel Jospin, na primeira volta das presidenciais, que lhe permitiu disputar a segunda vonta com Jacques Chirac, que acabou por sair vencedor.
“Peço-vos que votem em Macron para ganhar a esse projeto desastroso que atrasaria a França e dividiria os franceses”, afirmou, citado pela agência de notícias espanhola Efe, na sede do Governo francês.
Hollande felicita Macron
O presidente francês François Hollande felicitou o centrista Emmanuel Macron pela passagem à segunda volta das eleições presidenciais em França, prevista para 07 de maio, anunciou a presidência francesa.
De acordo com a mesma fonte, citada pela agência France Presse, Hollande telefonou a Macron para o felicitar pelos resultados obtidos. Ainda segundo a presidência francesa, o presidente socialista deverá exprimir “muito claramente” a sua escolha para a segunda volta, a 7 de maio.
“Podem imaginar a escolha do presidente: entre um dos seus antigos ministros, que trabalharam com ele, e a representante da extrema direita”, comentou uma fonte próxima de François Hollande.
Mélenchon dá liberdade de voto ao eleitorado
Depois de ter reconhecido a derrota nas eleições presidenciais francesas, Jean-Luc Mélenchon não adiantou se apoia o centrista Emmanuel Macron ou a nacionalista Marine Le Pen, na segunda volta.
Numa declaração perante os seus partidários, o líder do movimento de extrema esquerda França Insubmissa, que obteve os mesmos 19,5% que François Fillon, afirmou que irá usar a sua plataforma de apoio para consultar os militantes sobre essa matéria.
Os militantes do seu movimento, entretanto, ainda digerem a derrota: “Grande tristeza, tristeza, porque houve uma grande batalha, houve pontos ótimos. A França escolhe um candidato que vem do nada com um programa que é muito fraco“.
“A França não gosta de mudanças”, lamentam os apoiantes de Mélenchon.
E eu a pensar que os jornalistas se deviam limitar a informar …
Em minha opinião Macron, será o próximo presidente da França. Todavia, a tensão que há por toda a
Europa, em que os extremistas ganham terreno, é importante que a UE se reorganize, na base do projecto dos seus fundadores, para evitar uma calamidade generalizada, estilo Turquia. Não nos podemos esquecer que as grandes revoluções começaram, quase sempre, em França.
A UE tem cinco anos para se regenerar, caso contrário, é muito provável que nas próximas Le Pen, venha a ser a vencedora.
Fernando Gião