A Comissão Europeia propôs esta quinta-feira, em Bruxelas, a fusão dos programas de distribuição alimentar de leite e de fruta nas escolas, passando a ser distribuídos em conjunto, com o objetivo de promover o consumo destes produtos.
O novo programa, uma vez aprovado, terá uma dotação, por ano letivo, de 230 milhões de euros (150 milhões de euros para a fruta e as verduras e 80 milhões para o leite).
Com o lema “Comer bem para estar bem“, o programa permitirá reduzir os encargos nacionais com gestão e organização, tornando o sistema mais eficaz. Os Estados-Membros participarão no programa a título voluntário e terão a possibilidade de escolher os produtos que tencionam distribuir.
A proposta da Comissão Europeia terá de ter luz verde do Parlamento Europeu e dos 28 Estados-membros, no Conselho da União Europeia.
Segundo dados de Bruxelas, no ano letivo 2011/2012, Portugal recebeu perto de 2,6 milhões de euros no âmbito do programa de distribuição de leite e perto de 2,2 milhões, no de fruta, mas, neste caso, em regime de co-financiamento europeu de 68%.
A Lusa contactou o Ministério da Educação e Ciência, que disse que não vai, “para já”, fazer algum comentário, uma vez que estes programas envolvem diferentes tutelas.
Nutricionistas aplaudem proposta da UE
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas aplaudiu hoje a proposta da Comissão Europeia de distribuir leite e fruta em conjunto, nas escolas, considerando que esta medida criará hábitos de consumo de fruta nas crianças, que é “claramente insuficiente”.
Alexandra Bento defendeu que Portugal deve aderir ao programa: “Se não o fizer, só podemos considerar que é lamentável e que é uma perda”.
Para a nutricionista, “medidas desta natureza terão certamente impacto no presente”, porque as frutas, os legumes e o leite são consumidos e, “no futuro, porque são hábitos que se adquirem”. “E a escola é o local privilegiado para a criação destas medidas, porque todas as crianças reportarão os ensinamentos que a escola lhes proporciona”, adiantou.
A bastonária dos nutricionistas observou ainda que “fornecer este tipo de alimentos poderá ser importantíssimo para quem vive momentos de escassez”.
“Podemos fazer a leitura do que se passou com a introdução do leite nas escolas na década de 60, que teve um impacto importantíssimo” na saúde das crianças. Na altura, havia um consumo que ficava aquém daquilo que era desejável e nem havia apreço pelo leite, porque não existia esse hábito, explicou.
Sobre o consumo diário de fruta, recomendado para uma criança, a bastonária explicou que depende dos gastos energéticos e da estrutura da criança, mas genericamente poderá ir de três a cinco peças por dia.
“Se já levar uma da escola, já estamos a iniciar o trabalho”, sublinhou.
/Lusa