O grão-mestre da Ordem Soberana e Militar de Malta, Frei Matthew Festing, pediu a demissão a pedido do Papa Francisco, informou a ordem católica na terça-feira.
A demissão de Matthew Festing acaba com meses de uma disputa entre a instituição católica e o Vaticano relacionada com o uso de preservativos, que se transformou num teste à autoridade do Papa reformador sobre os conservadores da Igreja, escreve a agência France Presse.
“O grão-mestre foi recebido pelo Papa Francisco, que pediu a sua demissão, e esta teve a concordância do Grão-Mestre”, disse um porta-voz da Ordem à AFP.
Em teoria, Festing desempenhava um cargo vitalício. A sua resignação tem de ser aprovada pelo conselho soberano da Ordem.
A disputa pública e sem precedentes entre o Vaticano e os Cavaleiros de Malta foi vista pelos observadores da Santa Sé como uma guerra entre os liberais e conservadores da Igreja.
No último mês, o Papa Francisco nomeou uma equipa de cinco membros para examinar as circunstâncias em que o número três da Ordem foi forçado a demitir-se.
A Ordem, um corpo de caridade ligado à Igreja, descendente dos cavaleiros das cruzadas da Idade Média, recusou-se a cooperar, argumentando que a demissão, em dezembro, do grande chanceler Albrecht von Boeselager foi um caso interno.
A demissão foi vista como sendo o resultado de Von Boeselager ser demasiado liberal para o gosto de Raymond Burke, o cardeal norte-americano que atuou como ligação do Vaticano com a Ordem, desde que foi marginalizado de papéis mais importantes pelo Papa Francisco.
Burke é uma proeminente figura conservadora que tem sido franco nas críticas aos esforços de Francisco para reformar o ensino da Igreja sobre questões relacionadas com a família, casamento e divórcio.
Informações na imprensa católica especializada sugerem que Boeselager foi visado por ter autorizado a Ordem a participar em programas de distribuição gratuita de preservativos para evitar a propagação do VIH.
Os conservadores dizem que qualquer uso de preservativos viola o ensino da Igreja, mas Francisco e seu antecessor, Bento XVI, disseram que a sua utilização pode ser aceite como forma de conter a SIDA.
// Lusa