Uma equipa de astrónomos norte-americanos usou novos dados para mostrar que as estrelas são responsáveis pela produção de pó em escalas galácticas.
As galáxias são imaginadas como grandes massas cintilantes com estrelas, mas também contêm muito gás e poeira.
Agora, um grupo de astrónomos da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos EUA, revela que as estrelas são, realmente, responsáveis pela produção de poeira em escalas galácticas – componente chave de planetas rochosos como a Terra.
A professora no departamento de astronomia e física da UCLA, Jean Turner, a estudante Michelle Consiglio, e outros dois colaboradores, observaram uma galáxia que está a cerca de 33 milhões de anos-luz.
Os investigadores concentraram-se na galáxia, chamada “II Zw 40”, porque está a formar estrelas e, portanto, é útil para testar teorias sobre a formação das mesmas.
“Esta galáxia tem uma das maiores regiões formadoras de estrelas no universo local”, explica Turner.
Os cientistas obtiveram imagens da II Zw 40 através do telescópio Atacama Large Millimeter / Submillimeter Array (ALMA). Este telescópio, localizado no deserto do Atacama, no Chile, é composto por um conjunto de 66 telescópios individuais que funcionam como um grande observatório.
De acordo com o estudo publicado na revista Astrophysical Journal Letters, os especialistas observaram a região central da II Zw 40, uma parte da galáxia com dois jovens aglomerados de estrelas, cada um com aproximadamente um milhão de estrelas.
Ao recolher as imagens dos aglomerados de estrelas da galáxia em diferentes comprimentos de onda, foi construído um mapa que permitiu averiguar a poeira da galáxia.
“Se olharmos para a Via Láctea no céu, parece irregular e manchada devido à poeira que bloqueia a luz”, explica Turner.
Os cientistas testaram se a localização da poeira da galáxia era consistente com a localização dos aglomerados de estrelas da galáxia, e descobriram que estava concentrada dentro de uma área de aproximadamente 320 anos-luz dos aglomerados de estrelas.
“A poeira está concentrada perto do aglomerado duplo”, diz Turner.
Há muito tempo que os cientistas defendem que as estrelas produzem poeira ao expulsar os elementos fundidos no seu interior, enriquecendo as suas galáxias hospedeiras com elementos mais pesados que o hidrogénio e o hélio.
No entanto, os dados astronómicos não confirmavam essa teoria, até hoje.
“Procurávamos este enriquecimento em larga escala, mas ainda não o tínhamos visto. Agora, estamos a observar o enriquecimento em escala galáctica e a sua origem”, destaca Turner.
Os cientistas propõem que o enriquecimento de poeira é tão óbvio nos aglomerados de II Zw 40 porque estes contêm um grande número de estrelas maciças que são as produtoras da poeira.
“As escalas de tempo evolutivas delas são curtas o suficiente para que consigamos ver a poeira antes que se disperse”, afirma Turner.
Esses novos resultados motivam os especialistas a observar mais aglomerados de estrelas, de modo a entender melhor a sua evolução e como enriquecem o seu ambiente com a poeira interestelar.
ZAP / HypeScience