Milhares de manifestantes protestaram este domingo na cidade brasileira de São Paulo contra a proposta de emenda constitucional (PEC) do teto da despesa pública e pela impugnação de mandato do atual Presidente, Michel Temer, e “eleições diretas já”.
Convocado pela Frente Povo Sem Medo, o protesto, que encheu durante a tarde a Avenida Paulista — embora nem os organizadores nem a polícia militar tenham divulgado estimativas de público -, começou com uma homenagem ao líder da revolução cubana, Fidel Castro, falecido no sábado aos 90 anos.
“Não dá para o senhor Michel Temer continuar no comando do Brasil sentado naquela cadeira lá no Planalto. Temer não tem mais condições, vai embora Temer. Renuncie”, declarou o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, citado pelo jornal Estado de São Paulo.
Além de Boulos, participaram no protesto o senador Linbergh Farias (representante do Rio de Janeiro do PT, Partido dos Trabalhadores), o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Vagner Freitas, o vereador eleito Eduardo Suplicy (PT), os deputados Ivan Valente e Luiza Erundina (PSOL) e a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral.
O presidente da central sindical CUT foi contundente: “Está na hora de fazer greve para tirar este Governo. A nossa bandeira é ‘diretas já‘. Este Congresso não tem legitimidade para eleger um Presidente”.
Temer, que assumiu o cargo há seis meses, após o ‘impeachment’ da Presidente eleita Dilma Rousseff, tem desde então enfrentado sucessivos escândalos e demissões de altos responsáveis e a indignação popular em relação às suas políticas.
Mas na sexta-feira, um novo escândalo atingiu-o diretamente pela primeira vez, com acusações de abuso de poder, por ter feito um favor pessoal a um dos ministros do seu executivo — o que ele negou que tenha acontecido.
Durante o protesto de hoje, todos os oradores recordaram nos seus discursos as declarações do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que disse à Polícia Federal ter sido pressionado por Temer para intervir junto do Instituto de Património Artístico e Histórico Nacional para dar luz verde à construção de um edifício embargado por estar numa zona de património histórico, onde o ex-ministro da secretaria de Governo Geddel Vieira Lima tem um apartamento.
Este escândalo pode reduzir a capacidade de Temer para fazer aprovar uma série de medidas de austeridade que defende serem necessárias para empurrar a maior economia da América Latina para fora de uma profunda recessão e que são uma ameaça para a sua presidência.
/Lusa