As crianças mais pequenas não têm jeito nenhum para brincar às escondidas, embora adorem fazê-lo. Mas um novo estudo apurou que esta falta de habilidade reflecte, na verdade, uma maturidade que devia servir de exemplo para os adultos.
A forma como as crianças brincam às escondidas, de forma desajeitada – por exemplo, cobrindo apenas a cara com as mãos, como se isso garantisse a invisibilidade do resto dos seus corpos -, era interpretada por alguns psicólogos do desenvolvimento como um sinal do egocentrismo típico dos mais pequenos.
A teoria era de que, nas idades pré-escolares, as crianças não teriam capacidade para distinguirem as suas perspectivas dos pontos de vista dos outros, numa manifestação do tal egocentrismo.
Mas uma nova investigação realizada na Universidade da Califórnia do Sul (USC na sigla original em inglês), nos EUA, vem desmentir aquela ideia, vincando antes que o comportamento é um sinal de uma “maturidade” extraordinária dos mais novos.
Durante experiências realizadas em laboratório com crianças e adultos, os investigadores detectaram que os mais novos têm a “crença genuína de que a outra pessoa não pode ser vista, ouvida, ou abordada quando os seus olhos, ouvidos ou boca são obstruídos”, conforme revelam os autores do estudo, Henrike Moll e Allie Khalulyan, num artigo no site The Conversation.
“Apesar do facto de a pessoa em frente a elas estar bem visível [e a tapar os olhos com as mãos], elas negavam sem rodeios serem capazes de a ver”, afiançam os dois investigadores da USC.
Moll e Khalulyan concluem que “parece que as crianças jovens consideram o contacto mútuo dos olhos um requisito para uma pessoa ser capaz de ver a outra”, indo ao encontro da “ideia da bio-direccionalidade” e do pensamento “só posso ver-te se me conseguires ver também”.
“Quando uma criança se esconde cobrindo a cabeça com um lençol, esta estratégia não é resultado do egocentrismo”, ela “simplesmente insiste no reconhecimento e olhar mútuos“, constatam os investigadores.
Esta aparente “exigência de reciprocidade” das crianças é a prova de que afinal, não são nada egocêntricas, mas que parecem revelar uma postura “extraordinariamente madura” que pode até “ser considerada inspiracional”, dizem os autores do estudo.
“Os adultos podem querer olhar para estes pré-escolares como exemplos modelo quando se trata de entender e de se relacionar com outros humanos”, escrevem, notando que as crianças parecem assim, “primorosamente conscientes de que todos partilhamos uma natureza comum como pessoas que estão em constante interacção com os outros”.
SV, ZAP
Não me parece.
Pelo contrário, estou convencido que, simplesmente, na sua pura inocência, as crianças acreditam que “não ver” é equivalente a “não ser visto” – até aprenderem que assim não é.
Mas eu sou só um comum mortal, não um psicólogo investigador.
Ficou por esclarecer melhor em que partes do complexo sistema cerebral da sintese e interpretação das imagens visuais ocorre ocorre o problema.
Como ele ocorre com os outros dados dos sentidos não parece ser nas areas do reconhecimento e interpretação das imagens mas mais na area do processamento lógico onde faltará informação suficiente para ultrapassar a ausência de dados dos sentidos em questão e as memorias do seus significados .