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Descoberta nova espécie de tartaruga com 145 milhões de anos em Mafra

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Os paleontólogos espanhóis Francisco Ortega e Adán Pérez-García anunciam hoje em Torres Vedras a descoberta de uma nova espécie de tartaruga com 145 milhões de anos, cujo fóssil foi descoberto nas arribas de uma praia em Mafra.

“Sabíamos que estas tartarugas se encontravam unicamente na Europa e apenas na Inglaterra no Cretáceo Inferior (há 65 milhões de anos), mas este achado em Portugal permitiu-nos descobrir uma tartaruga com 80 milhões de diferença daquela, porque esta é do Jurássico Superior e tem 145 milhões de anos”, afirmou Francisco Ortega, paleontólogo e director científico da Sociedade de História Natural de Torres Vedras, à agência Lusa.

As semelhanças existentes entre elas permitiram aos cientistas perceber que pertencem à mesma família das “eucryptodiras”, de que fazem parte tartarugas actuais, mas as diferenças anatómicas entre ambas levaram-nos a concluir que se tratava de uma nova espécie para a ciência, a que apelidaram de ‘Hylaeochelys kappa’.

“Tem formas um pouco mais primitivas do que a da Inglaterra, como uma carapaça mais aplanada do que a das outras que são mais redondas, o que não é tão comum nas tartarugas”, explicou o também professor na Universidade Nacional de Educação à Distância, em Madrid.

Essa característica levou os investigadores a inspirarem-se num episódio em que os japoneses, no século XVI, confundiram as cabeças dos frades franciscanos portugueses com as figuras mitológicas japonesas ‘kappas’, semelhantes a tartarugas, por terem a cabeça parecida à carapaça das tartarugas, para apelidarem a nova espécie.

Trata-se de uma tartaruga de água doce adulta, cuja carapaça de meio metro de diâmetro foi encontrada quase completa.

O achado foi feito em 2011 na praia do Porto Barril, concelho de Mafra, por José Joaquim dos Santos, um cidadão de Torres Vedras que, nos seus tempos livres de carpinteiro, se ocupa a encontrar achados de dinossauro e outros animais nas arribas.

A descoberta foi validada pela comunidade científica, depois de a Academia das Ciências francesa ter aprovado a publicação para breve do artigo científico na sua revista.

Para os cientistas, este grupo de tartarugas confinado à Europa vem corroborar a tese de que, com a abertura do Atlântico Norte no Jurássico Superior e a separação dos continentes europeu e americano, começou a existir faunas diferentes dos dois lados que se tornou mais patente no Cretáceo.

Nos últimos 20 dias, José Joaquim dos Santos recolheu alguns milhares de fósseis pertencentes a dinossauros, tartarugas, crocodilos, peixes e até tubarões, cuja colecção foi vendida em 2009 à Câmara de Torres Vedras, para vir a expô-los num futuro museu.

A colecção tem vindo a ser estudada desde essa altura por investigadores associados da Sociedade de História Natural.

/Lusa

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