O primeiro-ministro está “surpreendido pela polémica” em torno da aplicação das 35 horas de trabalho, afirmando que “não haverá aplicação faseada” e sim uma entrada em vigor a 1 de julho para todos os trabalhadores com funções públicas.
“Confesso que estou um pouco surpreendido por esta polémica, porque do que conheço não há nenhuma proposta de aplicação faseada. A proposta que existe é de que as 35 horas entrem em vigor para o conjunto dos trabalhadores em funções públicas no dia 1 de julho, ao contrário do que dizia a proposta inicial que previa um período de regulamentação de 90 dias após a entrada em vigor”, disse esta terça-feira António Costa no Parlamento.
António Costa, que falava no final de uma reunião da Assembleia Parlamentar Euro-Latina-americana (EuroLat), no Parlamento português, ressalvou que existirá, isso sim, uma “válvula de segurança” para a aplicação das 35 horas.
“O que há é uma norma de bom senso, que permite a título excecional – e pontualmente – proceder a ajustamentos de horário em serviços em que, por dificuldades concretas de contratação de pessoas necessárias, esteja em causa a continuidade e qualidade dos serviços prestados aos cidadãos”, disse.
O primeiro-ministro insistiu que “o que se propõe não é uma aplicação faseada” da reposição das 35 horas, como tem sido criticado pelos sindicatos, mas sim “uma aplicação a todos os trabalhadores a partir de 1 de julho que exercem funções públicas, com uma norma de garantia – eu diria uma válvula de segurança – para evitar situações de rutura nalgum serviço”.
Esta “norma” permite não o faseamento de horário, mas “pequenos ajustamentos de horário”.
Do levantamento feito pelo Governo, junto das estruturas sindicais e dos ministérios, disse António Costa, “não haverá problemas” relacionados com estes ajustamentos, “salvo talvez nos hospitais”.
“Nos hospitais temos vindo a trabalhar com o sindicato dos enfermeiros portugueses para encontrar formas de resolver problemas que se possam colocar em dois grupos profissionais: os enfermeiros e os técnicos auxiliares“, realçou.
Ou seja, para Costa, “trata-se assim de cumprir o que está no programa do Governo: adotar o horário das 35 horas sem aumento da despesa global com pessoal”.
“Por isso, estão criados os instrumentos necessários para que eu e o ministro das Finanças possamos controlar quer as contratações quer as horas extraordinárias, de forma a não haver aumento da despesa, mas garantindo o compromisso da aplicação da medida a partir de 1 de julho”, concluiu.
ZAP / Lusa