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Cientistas mantêm vivos embriões humanos in vitro durante tempo recorde

lunarcaustic / Flickr

Embrião humano com 9 a 10 semanas

Embrião humano com 9 a 10 semanas

Cientistas conseguiram manter vivos embriões humanos, cultivados em laboratório, durante 13 dias – tempo para lá do período natural em que deveriam ter sido transferidos para o útero de uma mulher, revela hoje um estudo.

Investigadores das universidades de Cambridge, no Reino Unido, e Rockefeller, nos Estados Unidos, interromperam deliberadamente o crescimento dos embriões antes dos 14 dias permitidos pela legislação britânica para os estudar.

Os laboratórios costumam manter o desenvolvimento dos embriões, fecundados in vitro, durante sete dias antes de os transferir para o útero da mulher, para que possam sobreviver.

Até agora, nunca tinham sido cultivados para lá dos 9 dias.

Segundo o estudo, publicado esta quarta-feira na revista Nature Cell Biology, a técnica usada pode melhorar os tratamentos de fertilidade, aprofundar as causas dos abortos involuntários e revolucionar o conhecimento sobre as primeiras etapas da vida humana.

Yorgos Nikas, Wellcome Images / Flickr

Embrião humano com 6 dias

Embrião humano com 6 dias

Graças à técnica, os cientistas puderam estudar, pela primeira vez, a formação do epiblasto, a diminuta acumulação de células obtida aos dez dias de fecundação e que dará origem ao feto.

Para conseguir que os embriões continuassem a formar-se fora do útero materno, os investigadores conceberam um método químico que permitiu reproduzir o estado em que se encontrariam em condições naturais.

De acordo com o estudo, o método requer um meio rico em nutrientes e uma estrutura que possibilita ao embrião “implantar-se”.

“O desenvolvimento embrionário é um processo extremamente complexo, assinalou uma das autoras da investigação, Marta Shahbazi.

“Mas ainda que o nosso sistema, talvez, não possa reproduzir, por completo, todos os aspetos desse processo, permitiu revelar já uma capacidade importante de auto-organização dos blastocistos, os embriões com cinco ou seis dias de vida, que, até agora, desconhecíamos”, acrescentou.

A principal causa dos abortos involuntários, nas primeiras fases da gravidez, por exemplo, é a incapacidade de alguns embriões se implantarem no útero.

Em Portugal, é proibida a investigação científica com embriões humanos.

/Lusa

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