Dois suspeitos envolvidos nos tiroteios de ontem na comuna de Forest, em Bruxelas, continuam em fuga e são procurados pela polícia, anunciou esta quarta-feira o procurador federal belga.
O procurador Frédéric van Leeuw informou, numa conferência de imprensa, que no apartamento alvo de buscas, onde os dois suspeitos se encontravam e onde tiveram início as trocas de tiros, foram encontrados um livro sobre salafismo e uma bandeira do Daesh (acrónimo árabe da organização terrorista Estado Islâmico).
Um terceiro homem foi morto durante a grande operação antiterrorista desencadeada na terça-feira, depois de quatro polícias – três belgas e uma agente francesa – terem sido feridos sem gravidade quando realizavam buscas num apartamento, no quadro dos inquéritos aos atentados de Paris em novembro passado, e foi já identificado durante a última noite.
O agressor morto, identificado como Belkaïd Mohammed, é de nacionalidade argelina e encontrava-se ilegalmente na Bélgica, indicou a procuradoria federal.
Raide na Rue du Dries
Numa conferência de imprensa muito concorrida – as revistas aos mais de 100 jornalistas que compareceram levaram a um atraso de mais de uma hora relativamente ao início previsto -, os membros do Ministério Público belga não permitiram perguntas aos jornalistas, apontando que “no interesse da investigação ainda em curso”, iriam limitar-se a ler o comunicado de imprensa a descrever os factos que podem nesta fase ser divulgados.
A procuradoria confirmou que, no quadro das investigações abertas após os ataques de 13 de novembro em Paris, que fizeram mais de 130 mortos e foram reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico -, foram já levadas a cabo mais de 100 perquisições na Bélgica.
A de terça-feira, na Rue du Dries, foi conduzida por uma equipa mista de seis agentes – quatro belgas e dois franceses -, que foram surpreendidos à chegada ao apartamento alvo de rusga por tiros de armas pesadas, ferindo três agentes sem gravidade assim que entraram no local.
Um dos ocupantes do apartamento, o cidadão argelino de 35 anos, foi morto por um elemento das forças especiais belgas, quando estava armado com uma kalashnikov e continuava a visar a polícia a partir de uma janela.
Dois outros ocupantes do apartamento, que não tiveram a identidade revelada para salvaguardar as operações ainda em curso, conseguiram fugir e estão a ser “ativamente procurados”.
No apartamento, ao lado do cadáver do homem argelino, foram encontrados um livro sobre salafismo, uma bandeira do Daesh, 11 carregadores de kalashnikov e muitas munições, mas nenhum explosivo, prosseguiu o procurador.
Ao longo da noite foram realizadas diversas outras perquisições, que resultaram na descoberta de uma outra arma kalashnikov e na detenção de uma pessoa, que ainda se desconhece se estará relacionada com os acontecimentos.
A procuradoria federal informou ainda que um homem foi admitido num hospital de Bruxelas com uma perna partida, mas que ainda não pôde ser ouvido pelas autoridades policiais, que procuram pistas de uma eventual relação com os tiroteios de Forest, já que a pessoa que levou o indivíduo ao hospital fugiu assim que a polícia local chegou ao estabelecimento hospitalar.