O parlamento da Birmânia elegeu esta terça-feira Htin Kyaw, um homem da confiança da líder histórica da oposição Aung San Suu Kyi, para novo Presidente da Birmânia.
Trata-se do primeiro chefe de Estado democraticamente eleito em mais de 50 anos.
O companheiro de luta de longa data de Aung San Suu Kyi, proposto pela Liga Nacional para a Democracia (LND, liderada pela Nobel da Paz), foi eleito sob aplausos com 360 votos de um total de 652 deputados.
O economista Htin Kyaw, de 69 anos, impôs-se a Henry Van Thio – outro membro da LND, proposto pela câmara alta – e ao tenente-general Mying Swe, indicado pelas Forças Armadas, que tiveram 79 e 213 votos, respetivamente. Ambos vão ser nomeados vice-presidentes.
O Presidente e o novo Governo, que deve ser anunciado nos próximos dias, assumem funções a 1 de abril.
Htin Kyaw, filho de um famoso poeta birmanês e amigo de infância e antigo motorista de Suu Kyi – que foi a primeira a votar na sessão conjunta do parlamento desta terça-feira – será o primeiro Presidente civil da Birmânia após quase meio século de ditadura militar do Governo dirigido por antigos generais.
Depois da vitória nas legislativas realizadas em novembro, a LND tinha a certeza de que poderia eleger o seu candidato a Presidente, apesar da presença no parlamento de um quarto de deputados militares não eleitos, mas o partido não podia avançar com a candidatura da própria Aung San Suu Kyi, que ainda não especificou se fará parte do novo Governo ou se se irá manter como deputada.
Suu Kyi, que a junta militar manteve sob detenção durante mais de 15 anos e recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1991, está impedida de se candidatar à Presidência birmanesa em função de um artigo da Constituição que retira essa possibilidade a pessoas casadas ou com filhos estrangeiros, uma disposição que se considera feita para visar diretamente Suu Kyi, viúva de um britânico e com filhos de nacionalidade britânica.
Apesar de a candidatura à Presidência ser impossível, Aung San Suu Kyi, de 70 anos, garantiu que iria dirigir o próximo Governo – estando acima do presidente eleito -, depois do seu partido ter conquistado a maioria no parlamento naquelas que foram as primeiras eleições livres em mais de 25 anos.
ZAP