UE avisa Turquia após apreensão de jornal crítico de Erdogan

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Recep Erdogan, Presidente da Turquia

Recep Erdogan, Presidente da Turquia

Presidente do Parlamento Europeu prometeu abordar o assunto com o primeiro-ministro turco, depois da tomada de posse do jornal Zaman pelo Estado.

Um dia depois de o tribunal ter decidido que o maior jornal da Turquia, o Zaman, passa a ser controlado pelo Estado através de um administrador público, a União Europeia já lançou um aviso ao país a relembrar a importância da “liberdade de imprensa”.

“A UE tem sublinhado constantemente que a Turquia, enquanto país candidato, deve respeitar e promover elevados padrões e práticas democráticas, entre os quais a liberdade dos media“, refere um comunicado do serviço diplomático da União, citado pela Lusa.

“Meios de comunicação social livres, diversos e independentes constituem um dos pilares de uma sociedade democrática, facilitando a livre circulação de informação e ideias e assegurando transparência e prestação de contas”, adianta.

Segundo o Diário de Notícias, também o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, condenou a atitude do Governo turco, considerando-a “mais um revés à liberdade de imprensa”, e prometeu abordar o assunto com o primeiro-ministro turco já esta segunda-feira.

Shulz e o turco Ahmet Davutoglu vão encontrar-se amanhã antes da cimeira União Europeia-Turquia, que acontece em Bruxelas.

Durante o dia de ontem, a polícia disparou gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes que se juntaram em frente às instalações do jornal, em Istambul.

Segundo a BBC, jornalistas do Zaman viram ontem o acesso negado aos servidores do jornal e o editor principal, Abdulhamit Bilici, foi despedido.

A edição do jornal deste domingo, a primeira depois de estar sob o controlo do Estado, mostra uma imagem do presidente Erdogan acompanhada por um artigo sobre uma nova ponte que está perto de estar concluída.

“Em menos de 48 horas, a nova administração tornou o Zaman numa peça de propaganda do regime turco”, escreveu no Twitter a jornalista Sevgi Akarcesme.

Alguns dos elementos da equipa do antigo Zaman juntaram-se para criar um novo jornal, com o nome de Yarina Bakis. Fotografias da ação violenta da polícia contra os manifestantes fizeram a sua primeira página.

O Zaman estava fortemente ligado ao clérigo Fettullah Gülen, um antigo aliado de Erdogan que agora é acusado de uma tentativa de golpe de Estado.

Gülen vive atualmente nos Estados Unidos e é considerado o fundador do Hizmet, um movimento considerado “terrorista” pelo Governo.

ZAP

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