Cerca de 60% dos portugueses estão em risco de obesidade

Mais de um quarto dos portugueses são obesos. A falta de acessibilidade aos medicamentos é um dos principais problemas.

Atualmente, 28,7% dos portugueses sofrem de obesidade e estima-se que este número chegue aos 39% em 2035. Há ainda cerca de 60% dos portugueses em risco de obesidade, mas a escassez de opções de tratamento acessíveis está a pôr em causa a saúde pública.

De acordo com Rui Pinto, diretor do Centro de Responsabilidade Integrada de Obesidade do Hospital de Guimarães, “a cirurgia bariátrica é um dos pilares do tratamento e, até à data, o mais eficaz, quando comparado com os restantes tratamentos disponíveis”.

“Em Portugal foram operados em 2023 cerca de 2000 doentes e o tempo médio
de espera para cirurgia tem vindo a baixar, situando-se atualmente nos 5,5
meses, contra os 10,4 meses de 2021, que demonstra uma evolução positiva,
mas ainda aquém das necessidades”, realça o cirurgião, numa nota da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas.

Mesmo assim, os dados do relatório World Obesity Atlas 2023 referem que Portugal está em “8º lugar no universo dos 183 países que foram analisados, no que se refere aos países que melhor estão preparados para combater esta doença”.

Para além da opção cirúrgica, existem apenas três medicamentos disponíveis no mercado português para tratar esta condição, todos com preços elevados e sem comparticipação estatal, aponta a Renascença.

Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, critica a “falta de vontade política“, para combater esta situação, apontando a necessidade urgente de formar mais profissionais de saúde especializados e de implementar consultas dedicadas à obesidade.

Esta medida visa não só a promoção de um tratamento mais abrangente e especializado mas também a integração de uma abordagem multidisciplinar no tratamento da obesidade, envolvendo não apenas médicos, mas também nutricionistas, psicólogos e fisiologistas da atividade física.

Paula Freitas frisa também que o sistema de saúde “foca-se apenas nas consequências da obesidade e não nas causas” e lembra que o preço dos medicamentos é um grande problema, já que “a obesidade é muito mais prevalente nas classes sociais mais desfavorecidas”.

Por outro lado, José Silva Nunes, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, relembra que a obesidade é um fator de risco para mais de 200 doenças, como “a diabetes tipo 2 e as doenças cardiovasculares, apneia obstrutiva do sono, o fígado gordo, a hipertensão arterial, o aumento dos níveis de gordura no sangue”.

Nunes aponta ainda que Portugal destina cerca de 10% do seu orçamento de saúde ao tratamento de doenças relacionadas com o excesso de peso, uma percentagem que se antevê que cresça face à atual tendência.

“Se nós conseguíssemos erradicar a obesidade de Portugal teríamos menos 79,4% de casos de diabetes tipo 2”, refere o especialista.

ZAP //

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