60 000 antílopes morreram em quatro dias e ninguém sabe porquê

Sergei Khomenko / FAO

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O estranho acontecimento começou no final de maio, quando o geoecologista Steffen Zuther e os seus colegas chegaram ao Cazaquistão para acompanhar o parto de um rebanho da espécie.

Os veterinários daquela zona já tinham relatado que alguns animais tinham aparecido simplesmente mortos no chão, sem motivo aparente.

O alarme surgiu quando, em apenas quatro dias, o rebanho, com cerca de 60 000 antílopes, apareceu morto no terreno.

A morte em massa desta espécie aconteceu por todo o Cazaquistão, com acontecimentos semelhantes a acontecer noutros rebanhos.

Investigadores descobriram pistas que podem explicar como mais de metade dos antílopes do país, estimados em 257 mil desde o ano passado, morreram tão rapidamente.

Segundo os resultados, as bactérias desempenharam um papel fundamental no desaparecimento em massa desta espécie. A questão que se mantém é como é que micróbios tão inofensivos possam ter feito tantos estragos.

A extensão e velocidade com que a praga se propagou preocupou os cientistas. Segundo Steffen Zuther, nunca tinha acontecido com outro animal.

Steffen Zuther

Steffen Zuther e a sua equipa de investigação a recolher amostras dos antílopes mortos no Cazaquistão

Steffen Zuther e a sua equipa de investigação a recolher amostras dos antílopes mortos no Cazaquistão

As mortes em massa de antílopes, incluindo um episódio no ano passado que matou 12 000 criaturas, têm ocorrido com frequência nos últimos anos.

Embora não seja possível determinar a causa destas mortes, alguns especialistas acreditam que o principal motivo seja a abundância da vegetação, que pode causar o crescimento excessivo de bactérias no sistema digestivo dos animais.

Porém, neste último episódio, os investigadores já estavam no terreno e portanto foram capazes de recolher amostras do meio ambiente dos animais e também amostras de alguns insetos, na esperança de encontrar uma explicação.

No local, a equipa conseguiu assistir ao comportamento da espécie, sobretudo, de fêmeas que esperavam crias.

Com isso, puderam perceber que as mães eram as mais atingidas, morrendo logo a seguir as crias, que nem capacidade tinham para se alimentar de qualquer tipo de vegetação. Desta forma, os investigadores concluíram que o problema poderia ser provocado pelo leite materno.

As amostras de tecido também revelaram que as toxinas produzidas pela bactéria Pasteurella e possivelmente da Clostridia possam ter causado uma extensa hemorragia nos órgãos destes animais.

No entanto, a Pasteurella é uma bactéria comum nestes animais e não causa danos à sua saúde.

O mistério cresce cada vez mais. Zuther e a sua equipa não desistem e vão continuar à procura da causa deste fenómeno.

HypeScience

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