Alga asiática invasora preocupa turistas e pescadores algarvios

Garaigoikoa / Flickr

Um tipo de alga asiática está a invadir praias da costa algarvia e a trazer preocupações ao turismo. Atividade piscatória também pode ser afetada.

Uma alga originária da Ásia está a invadir as costas do barlavento – oeste – algarvio e a gerar preocupação.

Há praias em que a sua acumulação originou uma barreira de 1,20 metros de altura, podendo afetar o turismo e a pesca.

Lagoa foi um dos concelhos mais afetados. Anabela Rocha, vice-presidente do município, disse à Lusa que quando o vento sopra de sudeste “há sempre o perigo de haver arrojamentos” de alga nas praias, como na do Carvoeiro, que já teve um “muro” com “uma altura de 1,20 metros em toda a extensão do areal”.

O fenómeno, que já ocorreu em 2021 e em 2022, levou o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) a criar, já há dois anos, uma plataforma para recolher dados sobre as algas encontradas nas praias algarvias e perceber quais as espécies invasoras que levam a grandes acumulações nos areais.

De acordo com informação publicada na plataforma Algas na Praia, nas costas rochosas do barlavento, as acumulações são causadas por uma alga castanha invasora originária dos mares do Japão e Coreia, cujo nome científico é Rugulopteryx okamurae.

Para tentar mitigar a acumulação de algas nas praias do concelho, a Câmara de Lagoa gastou 40 mil euros numa das intervenções que fez para limpar a praia, tendo removido 400 toneladas desta espécie invasora, um “custo muito significativo” para os cofres municipais, segundo Anabela Rocha.

Tendo em conta que as acumulações causadas por esta alga parecem estar a aumentar em extensão, aquele município está já a desenvolver projetos-piloto para tentar mitigar o problema, esperando contar no futuro com fundos nacionais.

A autarquia receia o impacto que o problema possa ter sobre o turismo, a principal fonte de rendimento da região, e sobre a pesca, como a do polvo, espécie que é expulsa das rochas pela alga invasora.

“Esta alga está mais desenvolvida agora, porque tem melhores condições para se desenvolver, mas está presente durante todo o ano” disse à Lusa Rui Santos, do CCMAR.

Segundo o investigador, esta espécie é a que “provoca, de longe, mais acumulações” na costa algarvia.

Rui Santos assegura que a alga invasora “não constitui um perigo para a saúde humana e a sua erradicação é quase impossível”.

No entanto, é necessário reduzir a área que ocupa através da sua “remoção ou aproveitamento para alguma utilização económica”, que ainda não foi encontrada.

Os investigadores sabem que a Rugulopteryx okamurae apareceu pela primeira vez no sul de França, onde existe aquacultura de ostras, tendo, em seguida, alastrado para Espanha, Marrocos e Portugal.

No entanto, há outras algas que se acumulam nas praias da zona central do Algarve, entre Albufeira e Faro, como a alga vermelha invasora Asparagopsis armata, nativa das águas da Austrália e Nova Zelândia, e que foi a responsável pelas acumulações registadas em 2021 e em 2022.

Por outro lado, na costa arenosa do sotavento – este – algarvio, a alga verde Ulva sp., nativa da costa portuguesa, foi a principal responsável pelas grandes acumulações que se observaram em 2021.

As algas acumulavam-se na zona da rebentação das ondas e ficavam espalhadas pelo areal. O investigador Rui Santos explicou, na altura, que aquele tipo de algas são organismos que desenvolvem dentro da ria, crescem e são exportadas e depositadas pelas correntes, nas praias.

Em 2019, as praias entre a Ilha do Farol e Vilamoura, no Algarve, foram interditadas a banhos devido a uma concentração de uma alga marinha perigosa para a saúde.

ZAP // Lusa

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