As praias de areia branca e as águas cristalinas fazem das Ilhas Abrolhos, no Oceano Índico, um local paradisíaco. Mas este Arquipélago australiano também esconde um segredo brutal com quase 400 anos. Arqueólogos continuam, ainda hoje, a desenterrar os esqueletos do massacre que aí ocorreu, em 1629.
A pequena ilha de Beacon, uma das 122 que integram o Arquipélago de Abrolhos, situado no Oceano Índico, mas pertencente à Austrália, foi o palco daquele que é considerado o primeiro grande homicídio em massa e o mais terrível da história australiana.
Na “Ilha do Assassinato”, como também é conhecida por causa do massacre ali ocorrido, mais de 100 pessoas foram torturadas e mortas, no seguimento do embate do barco holandês Batavia com um recife.
O navio mercante da Companhia Holandesa das Índias Orientais viajava rumo a Jacarta, na Indonésia, com mais de 300 passageiros a bordo. O barco transportava homens, mulheres e crianças que deviam estabelecer-se naquela que era, na altura, uma colónia holandesa.
Quando o navio embateu num recife, a cerca de 25 milhas da costa da Austrália Ocidental, 40 passageiros tentaram chegar a terra, mas afogaram-se. Os restantes sobreviveram, conseguindo chegar à pequena ilha de Beacon, mas tiveram um destino ainda pior, enquanto aguardavam por salvamento.
Segundo conta o “60 Minutes” do Channel 9 australiano, o comandante do “Batavia” pegou num bote e partiu para pedir ajuda, deixando o comerciante Jeronimus Cornelisz no comando.
Cornelisz, no entanto, acabou por liderar um grupo de amotinados que começaram por chacinar potenciais opositores, ordenando também a morte dos “mais fracos”, de velhos, doentes e crianças. Algumas mulheres foram mantidas vivas para serem repetidamente violadas.
Mais de 100 pessoas foram mortas e torturadas, ao longo de três meses, e ninguém sabe explicar o que verdadeiramente aconteceu.
Os amotinados do Batavia acabaram por ser responsabilizados pelas mortes e foram condenados ao enforcamento. Jeronimus Cornelisz foi um dos executados, mas antes, cortaram-lhe as duas mãos como castigo pelos seus crimes.
O caso ficou, durante anos, escondido nos compêndios da história, até que em 1960, foi descoberto o primeiro esqueleto, relata o PerthNow. Entretanto, já mais de uma dezena de corpos foram desenterrados, enquanto arqueólogos australianos e holandeses continuam a fazer pesquisa na zona, à procura de mais vestígios do trágico episódio.
Os investigadores contam com tecnologia de ponta, com “análises isotópicas, imagiologia médica e reconstruções virtuais tridimensionais”, para analisar os esqueletos, e também com a ajuda do solo alcalino, que favorece a preservação dos ossos, explica ao News.com.au o antropólogo forense Daniel Franklin.
A par dos esqueletos que continuam a desenterrar, os arqueólogos esperam também encontrar “materiais culturais”, como ferramentas e outros objectos, que “ajudem a conhecer melhor a forma como estas pessoas viviam”, conclui Daniel Franklin.