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O desejo de Marcelo Rebelo de Sousa para 2019 é só um: “Votem”

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António Cotrim / Lusa

Na habitual mensagem de Ano Novo, o Presidente da República apelou ao exercício do voto nos três atos eleitorais de 2019 e considerou fundamental que haja bom senso nessas campanhas, advertindo que radicalismos, arrogâncias e promessas impossíveis destroem a democracia.

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições sobre os riscos da demagogia e do populismo na sua tradicional mensagem de Ano Novo, na qual assinalou que o clima pré-eleitoral para as três eleições que se realizam em 2019 (europeias, regionais da Madeira e legislativas) “já começou em 2018”.

O que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente. Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje”, defendeu o chefe de Estado.

Ainda num apelo contra a abstenção, o Presidente da República incentivou os portugueses a “debater tudo, com liberdade”, mas sem criar “feridas desnecessárias e complicadas de sarar”.

“Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta”, completou, referindo-se à conjuntura de contestação social.

Neste contexto, Marcelo deixou depois uma série de avisos a todos aqueles que pretendem candidatar-se nas próximas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas: “Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”.

“Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, apelos sem realismo, radicalismos temerários, riscos indesejáveis. Com o mundo e a Europa como se encontram bom senso é fundamental”, salientou o chefe de Estado.

Na sua mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou também que “bom senso” e “ambição” não são incompatíveis em democracia e, nesse sentido, traçou objetivos para Portugal nos planos político, económico e social.

“Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado”, afirmou.

“Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos Portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais”, lamentou o Presidente da República.

O chefe de Estado assumiu ainda como ambição do país “dar mais credibilidade, transparência, verdade” às suas instituições políticas, fazendo com que “a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar”.

“Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não, não é. Quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro”, concluiu.

Nesta sua tradicional mensagem de Ano Novo dirigida aos portugueses, o Presidente da República referiu-se com preocupação à atual conjuntura internacional, considerando que “estes tempos continuam difíceis”.

“Num mundo em que falta em direito, paz, diálogo, justiça, certeza o que sobra em razão da força, conflito, desigualdades, incerteza. Numa Europa que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da dignidade das pessoas. Num Portugal, que saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo“, adverte.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “a resposta a estes tempos só pode ser uma: valores, princípios e saber aprendido em quase novecentos anos de História; dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas, ignoradas”.

Ainda em defesa da liberdade, do direito à diferença, do pluralismo e do Estado de Direito, o Presidente da República deixou o aviso de que “não há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita”.

Justiça social, combate à pobreza, correção das desigualdades. Que não há democracia que dure onde alguns poucos concentrem tanto quanto todos os demais”, acrescentou.

Partidos reagem a mensagem de Ano Novo

À esquerda, o PS manifestou partilhar as “preocupações” do Presidente, alertando contra “extremismos e radicalismos” que levem a “populismos”. Já o Bloco de Esquerda lamentou a existência de Bolsonaros e o PCP disse a Marcelo que “não haverá justiça social sem melhor distribuição da riqueza, melhores salários e reformas”.

À direita, só o CDS se pronunciou: atacou o Governo de António Costa, afirmando-se como uma “alternativa credível e ambiciosa” para governar Portugal. O PSD deverá falar esta quarta-feira, adianta o Observador.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. Vou votar na sociedade de brandos estrumes, em que o idiota do distrito se junta ao gajo dos animais e juntos fazem um governo de bichos…

  2. Sim, votem. Mas limpem também os dois milhões de mortos que estão ainda nos cadernos eleitorais e que aumentam falsamente a abstenção.

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