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20 mil adolescentes por dia dão à luz em países em desenvolvimento

 

Marcello Casal Jr. / ABr

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Todos os dias 20 mil adolescentes com menos de 18 anos dão à luz em países em desenvolvimento. Tal representa 7,3 milhões de novas mães por ano nestes países. O número é mais do que dez vezes a quantidade de partos de adolescentes nos países desenvolvidos, 680 mil.

Os dados foram divulgados esta semana no relatório anual Situação da População Mundial 2013 do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), organismo da Organização das Nações Unidas (ONU). Neste ano, o tema é Maternidade Precoce: Enfrentando o Desafio da Gravidez na Adolescência.

O estudo mostra que a maior parte dos adolescentes (88%) do mundo está em países em desenvolvimento e que aproximadamente 19% das jovens engravidam antes dos 18 anos. Muitas delas, 2 milhões, engravidam antes mesmo dos 15 anos. O documento aponta que se persistirem as tendências actuais, o número de novas mães antes dos 15 anos pode chegar a 3 milhões em 2030. O relatório apresenta os desafios da gravidez precoce em termos de educação, de saúde e de oportunidades de emprego e faz recomendações aos países.

O levantamento mostra que as gestações, principalmente entre adolescentes com menos de 15 anos, não são resultado de uma escolha deliberada, mas sim da ausência de escolhas e de circunstâncias para além do controle das jovens. “A gravidez precoce reflete a falta de poder, a pobreza e as pressões por parte dos parceiros, dos colegas, das famílias e das comunidades. E, em muitos casos, é resultado de violência ou coação sexual“, diz o texto.

As gravidezes representam ainda um risco para a saúde. São 70 mil mortes de adolescentes por ano por complicações na gravidez e no parto. Além disso, ocorrem  3,2 milhões de abortos inseguros entre as jovens todos os anos. De acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança, uma pessoa com menos de 18 anos é considerada uma criança e, por isso, deve receber protecção especial exigida pela idade.

O relatório defende ainda que é papel dos estados assegurar essa protecção, ajudar a eliminar as condições que contribuem para a gravidez na adolescência e atenuar as consequências. O documento faz também um apelo a mudanças no perfil e nas abordagens dirigidas aos adolescentes, para que de facto ajudem as meninas a tomar decisões sobre as próprias vidas e ofereçam outras oportunidades que não a maternidade.

As consequências de uma omissão do estado vão além de prejuízos para a jovem e a família. O estudo traz um levantamento feito pelo Banco Mundial em 2011 do impacto das gestações para a economia. Os cálculos são feitos com base no rendimento que as mães poderiam ter ao longo da vida caso não tivessem engravidado.

Segundo o estudo, se as adolescentes adiassem a gravidez para os 20 anos de idade, haveria um benefício para a economia. Em países como os Estados Unidos ou China, seria o equivalente a 1% do PIB. Na Índia ou Paraguai, há um potencial perdido de 12% do PIB, e o Uganda deixa de produzir o equivalente a 30% do PIB.

ZAP /MA / ABr

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