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Em 1927, um psiquiatra venceu o Nobel da Medicina após infectar pacientes com malária

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Wikimedia

O psiquiatra austríaco Julies Wagner-Jauregg notou que as febres altas aliviavam os sintomas dos pacientes de sífilis, tendo começado a infectá-los propositadamente com malária nesse sentido.

Em 1927, Julies Wagner-Jauregg foi o galardoado com o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina, sendo um dos dois únicos psiquiatras a receber este prémio. Mas a a razão por detrás deste Nobel foi insólita — o clínico austríaco fez os seus pacientes contrair malária, escreve o IFLScience.

Wagner-Jauregg era professor de psiquiatria em 1917 quando reparou que alguns dos seus pacientes com paralisia que foram considerados dementes deram sinais de uma grande recuperação depois de sofrerem uma febre.

Por esta razão, o clínico começou a usar os seus outros doentes para fazer experiências e comprovar esta hipótese, provocando febres nos seus doentes para tentar aliviar os sintomas, uma crença que tinha vários séculos. O cientista testou várias formas para causar esta febre até chegar à malária.

E o risco não é pequeno, já que as febres causadas pela malária têm uma taxa de mortalidade estimada entre os 3% e 20%, e com os cuidados de saúde mais precários no início do século XX, os perigos eram ainda maiores.

Os pacientes em causa estavam na fase terminal da sífilis, que causa uma paralisia geral devido ao ataque da infecção sexualmente transmissível ao cérebro e que, em muitos casos, acaba por levar à morte.

Nesta situação limite, os doentes não tinham nada a perder, já que os riscos de uma infeção com malária que seria acompanhada por médicos eram bastante menores quando comparados com a alternativa de não se fazer nada e de se permitir que a condição causada pela sífilis continuasse a piorar.

A variante escolhida foi a Plasmodium vivax, que causa uma febre alta e longa nos pacientes. O psiquiatra conseguiu resultados positivos no tratamento ainda no primeiro ano das suas experiências, o que levou a que outros clínicos começassem a adoptar o mesmo método para tratar a sífilis.

O tratamento persistiu até aos anos 50, quando a penicilina começou a ser o método preferencial para o combate à doença.

ZAP //

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