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Vagas e candidatos ao Ensino Superior em queda há 4 anos

Marcello Casal Jr. / ABr

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Universidades e institutos politécnicos públicos vão disponibilizar 50.820 vagas para os candidatos ao Ensino Superior na 1ª fase do concurso nacional de acesso, menos 641 lugares do que os 51.461 colocados a concurso no ano letivo de 2013-2014.

De acordo com a informação disponibilizada pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), o número total de vagas disponíveis para a 1ª fase do concurso nacional de acesso está a cair desde 2011, ano em que foram a concurso 53.500 lugares.

A  1ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior arranca esta quinta-feira.

Também o número de alunos candidatos ao Ensino Superior tem vindo a diminuir desde 2010, havendo em 2012 menos 6.739 concorrentes do que naquele ano, de acordo com dados apurados no final da 3ª fase.

Engenharia volta a liderar oferta

As engenharias, as ciências empresariais e a saúde são as áreas de formação com maior oferta de vagas na 1ª fase do acesso ao Ensino Superior.

De acordo com os dados disponibilizados pelo MEC os cursos na área das engenharias representam 17,5% do total das mais de 50 mil vagas a concurso, sendo a área de estudos com mais lugares disponíveis (9.022, sem alterações em relação a 2013).

No entanto, esta foi uma das áreas no ano letivo anterior que menos estudantes colocou no Ensino Superior.

Ciências empresariais e saúde, à semelhança de 2013, voltam a ser em 2014 das áreas de estudo com maior número de vagas disponíveis, com 15,3% e 13% de lugares a concurso, respectivamente. Em ambos os casos há, no entanto, uma redução do total de vagas face a 2013.

Entre as áreas de estudo com menos lugares disponíveis para os candidatos a estudantes do Ensino Superior estão serviços de segurança, serviços de transporte, matemática e estatística e ciências veterinárias, cada uma delas com 1% ou menos de vagas face ao total levado a concurso.

Paradoxalmente, matemática e estatística é uma das áreas de estudo com o maior aumento de vagas disponíveis entre 2012 e 2014, com um aumento superior a 11%.

Politécnicos preocupados com número “insuficiente” de candidatos

O presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, manifestou-se “muito preocupado” com o “insuficiente” número de alunos candidatos ao Ensino Superior, que tem vindo a diminuir desde 2011.

“O que nos preocupa e muito é que o número de candidatos continua a ser insuficiente. Não só para as instituições, como para as necessidades do país”, disse lembrando que Portugal aceitou com a União Europeia fixar uma meta para que em 2020 40% da população, com idades compreendidas entre os 30 e os 34 anos, tenha curso superior.

Estamos muito longe desta meta. Estamos a aproximar-nos dos 30%. Há um caminho longo a percorrer. Por isso, temos de procurar atrair estes jovens assim como atrair uma população adulta que está na vida ativa e que necessita dessa classificação”, explicou.

Joaquim Mourato lembrou que acedem ao Ensino Superior menos de metade dos alunos que terminam o Ensino Secundário ou curso superior equivalente.

Vagas estagnadas por ordem do MEC

Sobre o número de vagas disponíveis nas universidades e politécnicos, o presidente do CCISP disse que a queda registada prende-se com as orientações da tutela e por iniciativa das próprias instituições.

“Por um lado tem a ver com orientações dadas pela tutela. Com o despacho do secretário de Estado do Ensino Superior [José Ferreira Gomes] que fixou que as instituições não podem aumentar o número de vagas. Por conseguinte, no limite teríamos um número de vagas igual ao do ano anterior”, frisou.

Por outro lado, explicou Joaquim Mourato, as instituições na sua generalidade, em especial as politécnicas, decidiram por iniciativa própria reduzir as vagas em 2,5%, o que corresponde mais ou menos a 500 vagas.

“Dado que no ano letivo 2013/14 preenchemos 97,8% das vagas, havia aqui uma margem para ajustar a oferta à procura e foi isso que fizemos”, concluiu.

Está em curso um estudo no qual se irá basear uma muito aguardada reorganização da rede de Ensino Superior, que, espera-se, irá identificar quais as áreas com excesso ou falta de vagas e as regiões com oferta desajustada, o que poderá resultar na criação ou encerramento de cursos, na partilha de docentes entre instituições próximas e na eventual fusão de alguns núcleos disciplinares.

ZAP / Lusa

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