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O sexo de Deus é indefinido (diz grupo feminista)

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waitingfortheword / Flickr

"A Criação de Adão", fresco de 1511 de Michelangelo no tecto da Capela Sistina, no Vaticano

“A Criação de Adão”, fresco de 1511 de Michelangelo no tecto da Capela Sistina, no Vaticano

Deus não é “ele” nem “ela” — é o que defende a ONG britânica Watch, que representa o interesse das mulheres na igreja anglicana.

A organização foi acusada de tentar “reescrever” a doutrina cristã ao encorajar as pessoas a usar o pronome feminino para falar de Deus.

Jody Stowell, pároca da igreja St Michael & All Angels em Londres e membro da Watch, rejeita as acusações e diz que “a discussão não é sobre transformar Deus em uma mulher”.

Stowell propõe uma mudança na maneira pela qual Deus é retratado.

“A maioria das pessoas pensa em Deus como um homem idoso, com barbas e no céu… e provavelmente branco. Isso não é só uma questão de género”, diz a pároca à BBC.

“Trata-se de resgatar a maneira como a Bíblia descreve Deus”, afirma Stowell. “Temos imagens de Deus como uma mãe ursa, feroz, a proteger os seus filhos. Não estamos a restringir a ideia de Deus como um género”, acrescenta a pároca.

“Gostaria de incentivar as pessoas a explorar esse tipo de imagens. Elas são bíblicas, e tradicionais na fé cristã.”

“Se os jovens ouvirem que Deus não é um homem branco e idoso no céu, mas sim que Ele nos abriga a todos, se desconstruirmos esse mito, se deitarmos abaixo a ideia de que o cristianismo é algo masculino, pálido e obsoleto, isso vai levar mais gente a explorar a própria fé”, diz Stowell.

No entanto, nem todos partilham desta visão.

A deputada conservadora Ann Widdecombe, que deixou a Igreja Anglicana depois de a ordenação de mulheres ter sido aprovada, nos anos 90, defende que usar o pronome feminino para se referir a Deus é algo “tolo”.

“Uma ideia destas só pode ter sido pensada por lunáticos“, diz Widdecombe.

As mulheres passaram a poder ser ordenadas na Igreja Anglicana em 1994. Em janeiro de 2015 foi ordenada a primeira bispa da Igreja Anglicana, Libby Lane.

Apesar de ser crescente o número de padres mulheres, Jody Stowell afirma que há ainda um longo caminho a percorrer para mudar a forma como a mulher é vista na igreja.

“Se pensarmos no tempo que a Igreja tem como instituição, percebemos que vamos levar anos até que se entenda a mensagem, numa estrutura que foi formada por vozes masculinas e de uma forma masculina”, diz Stowell.

ZAP / BBC

3 Comments

  1. Vamos primeiro confirmar a existência de Deus, ok? Depois logo se vê se é homem ou mulher, se tem voz fina ou grossa, se fala em português, latim, ou em matemática. Até lá, estas opiniões destas organizações são irrelevantes.

  2. A maternidade está na origem de todas as sociedades… Mãe deusa!
    Sem conformismos, rituais de fertilidade com flores ao ar livre, à beira do riacho e consoante os ciclos da lua… da mãe da filha e do espírito santo… Ainda que sem género não haverá espaço para o 3º?
    Endeusaram-se as guerreiras amazonas gregas ou as valquírias em cavalos alados que os guerreiros esperavam encontrar…
    Mais terreno, a mulher hoje já não é o homem de amanhã?

  3. É preciso ser absurdamente burro ou burra para andar a discutir o sexo de deus. como se este precisasse de sexo para alguma coisa. Deus não é nada de material para que necessite do que quer que seja. Nada se lhe pode tirar porque nada lhe sofra e nada se lhe pode acrescentar porque nada lhe falta. É pois a bondade da bondade , a verdade da verdade e assim sucessivamente ou seja… a verdade e a bondade…em grau máximo. Mas se querem aulas de teologia custam 30 euros à hora. Porém ficam esclarecidos, o que já não é pouco ou, pelo menos, é muito mais do que morrer a imaginar um deus como se fosse um homem. Puro engano…

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