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IA está a ser usada para “caçar” trabalhadores remotos ricos (e cobrar-lhes mais impostos)

Nova Iorque é a capital mundial dos milionários, mas os que querem continuar ricos estão a fugir para estados com impostos baixos, como a Florida e o Texas. O departamento de impostos do estado tem uma solução: usar Inteligência Artificial para analisar onde as pessoas passam realmente o seu tempo.

O departamento de impostos do estado de Nova Iorque está a enviar centenas de milhares de cartas geradas por IA a trabalhadores remotos ricos ou a pessoas que necessitam de mudar de residência fiscal, reporta a CNBC.

O recurso à Inteligência Artificial para enviar as cartas poderá ser uma forma de ajudar a superar a falta de pessoal, mas não é claro se esta é uma das razões para a decisão.

Em 2022,  o Estado registou um aumento do número de auditorias realizadas, mas teve uma quebra significativa do número de auditores disponíveis para as realizar, conta o Business Insider.

Dados de um relatório recente do Departamento de Tributação e Finanças do estado, citado pela CNBC, indicam que em 2022 foram realizadas 771 mil auditorias em Nova Iorque, um aumento de 56% em relação ao ano anterior.

Segundo Mark Klein, sócio e presidente de um gabinete de advogados especializado em assuntos fiscais e tributação, o departamento de impostos está a usar tecnologia sofisticada “para determinar os melhores candidatos à auditoria”, com foco em indivíduos ricos que se mudaram de estados com altos impostos para estados com baixos impostos, como a Flórida ou o Texas.

“Como é fácil adivinhar, quando se está à procura de receitas, não vai ser a pessoa que ganha 10.000 dólares por ano. Vai ser a pessoa que ganha 10 milhões de dólares”, diz Klein.

A cidade de Nova Iorque tem 340 000 mil milionários e 58 bilionários, o que faz dela a cidade mais rica do mundo, de acordo com dados da empresa de investimento em residência e cidadania Henley and Partners.

Segundo Klein, os departamentos fiscais dos EUA estão a usar quer auditores humanos quer Inteligência Artificial para examinar os registos de telemóveis, o que ajudará a descobrir onde os contribuintes passam o seu tempo e, em consequência, onde devem pagar impostos.

“Nova Iorque está a ser muito agressiva”, afirma o advogado.

A questão da localização não é invulgar quando se trata de impostos. Celebridades e milionários de todo o mundo já tiveram problemas por terem declarado os impostos no estado errado, aparentemente com a intenção de pagar menos.

Um exemplo famoso é Shakira, que em novembro foi multada em 24 milhões de euros por não ter pagado 14,5 milhões de euros de impostos sobre o rendimento no período em que viveu em Espanha, entre 2012 e 2014. Na altura, a estrela norte-americana era casada com o futebolista catalão Gerard Piqué.

De acordo com os promotores espanhóis, durante esse período, Shakira indicou como residência principal as Bahamas, onde os impostos são mais baixos, apesar de passar a maior parte do tempo em Espanha.

Shakira, que sempre negou as acusações, acabou por admitir fraude fiscal, afirmou que tinha decidido “dar prioridade à sua carreira e estabilidade dos filhos“, pondo fim ao processo e “evitando assim o impacto da exposição mediática e o tempo de julgamento, que é muitas vezes exaustivo”.

ZAP //

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