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Cientistas russos criam medicamento revolucionário contra o cancro de pele

Edgepath / Flickr

Melanoma maligno, padrão de propagação superficial

Melanoma maligno, padrão de propagação superficial

Uma equipa de investigadores da BIOKAD, uma farmacêutica de São Petersburgo, criou um medicamento inovador na luta contra o melanoma, que estimula a destruição do tumor por parte do sistema imunitário do paciente sem afectar os tecidos saudáveis.

Os médicos consideram que o novo medicamento, o BCD-100, será um avanço na terapêutica deste tipo de cancro.

O melanoma é o mais perigoso dos cancros de pele. Apesar de ser diagnosticado só em 4% dos casos, é letal em 80% dos pacientes.

Os doentes com melanoma em fase avançada morrem meio ano após o diagnóstico. Mas graças ao novo medicamento da BIOKAD, até nestes casos é possível travar o desenvolvimento da doença e prolongar a vida dos pacientes.

A acção do medicamento passa por desbloquear o sistema imunitário do doente, para que comece desde o início a combater o tumor, contou à RVR o vice-presidente da BIOKAD, Roman Ivanov.

“Para o sistema imunitário do organismo, o tumor é um corpo estranho, como um vírus ou bactéria. Normalmente, as células malignas do organismo espalham-se e destroem o sistema imunitário. Em casos raros, elas encontram formas de ‘sair’, e desenvolve-se a doença oncológica”, explica Ivanov.

roman-ivanov / LinkedIn

Roman Ivanov, vice-presidente e director médico da BIOKAD

Roman Ivanov, vice-presidente e director médico da BIOKAD

“Um dos mecanismos fundamentais da doença é a interacção das células cancerígenas com a proteína PD- 1, que ‘desliga’ o sistema imunitário da pessoa. Se bloquearmos essa proteína, o sistema imunitário ‘acorda’, originando uma grande remissão nos doentes”.

Os medicamentos actualmente ao dispor dos cientistas não permitem uma luta eficiente contra a doença. O efeito clínico sobre o crescimento da metástase chega a apenas 10% dos casos. Mas o recurso a bloqueadores da PD-1 leva à paragem do crescimento do tumor em 40% dos pacientes.

É por esse motivo que a orientação para o sistema imunitário do doente é a orientação mais vanguardista da farmacologia actual, defende Roman Ivanov.

“O futuro está nestas terapias, porque o tumor ganha rapidamente resistência a medicamentosa. Cresce e sofre mutações, desenvolve os seus próprios mecanismos de ‘defesa’ face aos medicamentos”, explica Ivanov.

“O sistema imunitário é a melhor resposta na luta com as células cancerígenas”, conclui o cientista.

Os testes pré-clínicos do medicamento vão começar em 2015, e deverá estar disponível no mercado em 2018.

ZAP / RVR

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