Um movimento pró-tourada de Viana do Castelo cancelou uma tourada com anões, esta quinta-feira, por o tribunal ainda não ter decidido a providência cautelar que interpôs para contestar o indeferimento municipal à instalação de uma praça amovível na cidade.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do movimento “Vianenses pela Liberdade”, José Carlos Durães, adiantou que aquele “espetáculo cómico foi anulado, porque o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) ainda não se pronunciou sobre a providência cautelar que o grupo entregou na segunda-feira passada”.
“Sem autorização do tribunal não vamos montar arena. A estrutura já está no local, mas não fazer nada enquanto não tivermos uma decisão”, disse.
A ação agora movida foi apresentada pela sociedade de advogados Camacho Nunes, com sede no Montijo, que está a dar apoio jurídico ao movimento local criado em 2009, depois de a câmara ter aprovado, por proposta da maioria socialista, a declaração de Viana como “anti-touradas”, a primeira do país.
O recurso aos tribunais foi “a única alternativa” do grupo de aficionados face ao indeferimento municipal de instalação de uma praça amovível, num terreno privado na freguesia de Areosa, para acolher vários eventos tauromáquicos, entre elas a tourada de anões, na quinta-feira, e uma corrida de touros, no domingo.
Na semana passada, a Câmara de Viana do Castelo indeferiu o pedido alegando “incumprimento” dos regimes da Reserva Ecológica Nacional (REN), da Reserva Agrícola Nacional (RAN), do Plano Diretor Municipal (PDM), da Rede Natura 2000 e do Plano Ordenamento Costeiro (POC), entre Caminha e Espinho.
No indeferimento, a autarquia da capital do Alto Minho, liderada pelo socialista José Maria Costa, adiantou que o terreno em causa “está também em perímetro de emparcelamento da Areosa, Carreço e Afife”.
“Na consciência de que é a melhor solução de forma a salvaguardar o interesse público, proteger o coberto vegetal e solo arável do terreno que, com a ocupação pretendida, ficaria irremediavelmente afetado”, lê-se no documento.
A colocação das tábuas que compõem a arena amovível Ricardo Chibanga, no terreno alugado pelo grupo pró-tourada, ocorreu terça-feira.
A I Semana Taurina, organizada por aquele movimento, além do número agora cancelado e da tourada anunciada para domingo, inclui uma tertúlia, uma feira do livro taurino, uma largada popular, exposições de fotografia e de cartazes taurinos antigos e o certame “Toiro Bravo – Um Sabor a Descobrir”, com pratos confecionados à base de carne de toiro bravo nos restaurantes aderentes.
O cartel da corrida de domingo, às 17:30, integra os cavaleiros Rui Salvador, Marco José, Ana Batista, António Brito Pais, João Moura Caetano e Joaquim Brito Pais, com a participação dos forcados de Santarém. Serão lidados seis touros, três da ganadaria de Paulo Caetano e os restantes de Brito Pais.
A acontecer, será a quarta tourada a decorrer na primeira cidade anti-touradas do país, e a segunda a ser organizada pelo movimento local. Em 2012 e 2013 as touradas foram promovidas pela Prótoiro, federação de associações taurinas.
Um grupo local anti-touradas já anunciou a realização de uma manifestação no domingo, junto ao recinto onde decorrerá o espetáculo tauromáquico.
/Lusa
Que escumalha triste, estes “pro-touradas”…