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Zé Pedro: morreu o herói que deixa um “vazio irreparável”

As cerimónias fúnebres do guitarrista José Pedro, dos Xutos & Pontapés, que morreu na quinta-feira, têm início nesta sexta-feira, com o velório no Museu dos Coches. Do rock ao fado, passando pela política, muitas figuras públicas lamentam a morte de “um herói da música portuguesa”.

Vários músicos e bandas portugueses, do fado ao rock, usaram as suas páginas nas redes sociais para lamentarem a morte de Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés que morreu nesta quinta-feira, 30 de Novembro, aos 61 anos de idade, vítima de doença prolongada.

Para António Manuel Ribeiro, da banda UHF, morreu um “herói da música portuguesa”. “Quando me deram a notícia, eu tinha estado a escrever um poema sobre os meus heróis que estavam a desaparecer e ele era um dos meus heróis da música portuguesa”, conta à TSF.

Já o músico e vocalista dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal, fala de Zé Pedro como uma “pessoa de uma bondade extrema”, na mesma Rádio.

The Legendary Tigerman (Paulo Furtado) partilhou uma mensagem de despedida, onde deixa ao guitarrista o seu “obrigado por todo o carinho e amizade” que deixou “no mundo”. “És insubstituível e a tua partida deixa uma ferida enorme na música portuguesa e nos nossos corações”, escreveu.

O ‘rapper’ Ace, um dos fundadores dos extintos Mind Da Gap, descreve-o como “super amável, simpático e humilde”, “interessado e interessante”.

“Vamos sentir a tua falta, mas viverás para sempre connosco nas memórias boas que guardamos tuas. Até um dia destes”, escreveu, por seu turno, Carlão, que pertenceu aos extintos Da Weasel.

A fadista Gisela João, lembrando que era “muito apaixonada” por Zé Pedro “quando era miúda”, contou o “prazer que foi” quando conheceu o músico. “Dizia que gostava de me ouvir cantar e eu até tinha vontade de chorar de o ouvir a dizer aquilo (sim tive um poster dele em miúda)”, referiu.

O músico e produtor Diogo Clemente destacou como Zé Pedro foi “um exemplo do que é estar na música e evangelizar a luz e boa ‘vibe’“. E David Fonseca lembra que “era difícil não sorrir com ele por perto, tal era a alegria contagiante que transportava sempre consigo”.

O fadista Camané limitou-se a um “até breve”, em homenagem ao músico, e Sérgio Godinho despediu-se com um “abraço Zé”.

A cantora Carolina Deslandes citou uma das músicas dos Xutos, “Não sou o Único”, escrevendo “e quando as nuvens se abrirem, vais ver, o sol brilhará”. Também Gimba, dos Afonsinhos do Condado e Irmãos Catita, disse adeus à “vida malvada”. E para a cantora Áurea é um “dia triste”.

Tony Carreira lamentou a morte do guitarrista , recordando que esteve com ele em Agosto, altura em que recebeu de Zé Pedro “um dos abraços mais sentidos” da sua vida. “Tinha com o Zé Pedro uma afinidade enorme e hoje sinto uma profunda tristeza. Além de um grande músico, perdemos, indiscutivelmente, um grande ser humano”, escreveu o cantor popular.

José Sena Goulão / Lusa

O guitarrista Zé Pedro, da Banda Xutos & Pontapés

“Um vazio irreparável”

Para o Presidente da República, morreu um “guerreiro da alegria” e “da vontade de viver, de superar dificuldades, de nunca desistir”. “Chegou cedo demais o descanso deste guerreiro, que certamente não será esquecido por tantos e tantos amigos que deixou”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa numa mensagem colocada no site da Presidência da República.

O primeiro-ministro, António Costa, também lamentou a morte de Zé Pedro, considerando que personificou como poucos, para várias gerações de portugueses, “o carisma e a elegância do rock”.

Numa mensagem divulgada no Twitter, António Costa acrescenta que todos poderão “continuar a ouvir o som da guitarra que nos deixou”, mas que “nunca mais veremos o seu sorriso encantador“.

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio, num depoimento enviado à agência Lusa, faz a história da sua relação com os Xutos & Pontapés, e afirma que “a partida do Zé Pedro deixa um vazio irreparável“.

Jorge Sampaio manifesta, ainda, a sua “solidariedade para com a família próxima e a alargada, a dos Xutos que é, afinal, um pouco também, a de nós todos”.

O ex-Presidente, que assinou o prefácio do álbum “Aqui Xutos & Pontapés, 35 anos”, de Rolando Rebelo, editado em 2014, conta como conhece os elementos da banda, incluindo Zé Pedro, desde 1979 e como eles são “um caso verdadeiramente à parte no panorama do rock português” e “mesmo, da música portuguesa em geral”.

Velório no Museu dos Coches

Zé Pedro estava doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma discreta pelo grupo, tendo só sido assumida publicamente no passado dia 4 de Novembro, no derradeiro concerto do músico, no fecho da digressão dos Xutos & Pontapés, no Coliseu de Lisboa.

José Pedro Amaro dos Santos Reis nasceu em Lisboa, a 14 de Setembro de 1956, numa família de sete irmãos, “com um pai militar, não autoritário, e uma mãe militante-dos-valores-familiares”, como recordou num dos capítulos da biografia “Não sou o único” (2007), escrita pela irmã, Helena Reis.

O velório do guitarrista, inicialmente marcado para o Mosteiro dos Jerónimos, foi mudado para o edifício original do Museu dos Coches, em Lisboa, e tem lugar a partir das 16 horas desta sexta-feira.

No sábado, a missa de corpo presente é celebrada a partir das 13:30 – meia hora antes do anúncio inicial -, e mantém-se no Mosteiro dos Jerónimos, sendo seguida de uma cerimónia privada, reservada à família.

ZAP // Lusa

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