A jovem quer agora estudar Engenharia Elétrica e tornar-se uma astronauta. A parte mais desafiante da viagem foi sobrevoar a Sibéria.
A adolescente Zara Rutherford já está nos livros de recordes, aos 19 anos. A britânica e belga tornou-se a mulher mais jovem a dar uma volta ao mundo de avião sem tripulação.
A jovem aterrou no aeroporto de Kortrijk-Wevelgem, na Flandres, às 13 horas locais, completando assim a jornada de 52 mil quilómetros que a levou a 31 países em cinco continentes, lembra o The Guardian.
“É doido. Ainda não processei o que se passou“, revelou a piloto aos jornalistas, envolvida em bandeiras britânicas e belgas.
Houve “momentos incríveis”, mas também outros em que temeu pela sua vida. “A parte mais difícil foi sobrevoar a Sibéria, porque estava extremamente frio. No solo estavam 35 graus negativos… Se o motor parasse, estaria a horas de um resgate e não sei quanto tempo sobreviveria”, confessa.
Para além de ser a mulher mais jovem, Zara tornou-se também a primeira belga a sobrevoar o mundo sozinha. Os pais de Zara também são pilotos e começaram já a levá-la em pequenos aviões quando era uma criança pequena. Aos 14 anos começou a aprender e a sonhar com a sua viagem de volta ao mundo.
“O sonho era realmente sobrevoar à volta do mundo. Mas sempre achei que fosse impossível: é caro, perigoso, complicado, um pesadelo logístico“, revelou numa entrevista televisiva. “Por isso nunca pensei nisso duas vezes. E depois estava a acabar a escola e pensei: se vou fazer algo maluco com a minha vida, esta é a altura perfeita para o fazer”.
A 18 de Agosto de 2021, Zara começou a viagem no seu Shark Aero de dois lugares, uma das avionetas leves mais rápidas do mundo, podendo chegar aos 300 quilómetros por hora.
A voar para o Ocidente, a rota contou com paragens no Reino Unido, na Gronelândia, nas Américas e na Rússia, antes de se virar para o sudeste asiático, o norte da Índia, o Médio Oriente, o Egipto. No final, veio o regresso à Europa.
A jovem não podia voar à noite ou em períodos nublados e até enfrentou condições meteorológicas para as quais nunca tinha sido treinada, com o frio no Alaska, na Gronelândia e na Rússia, a neblina do deserto da Arábia Saudita, os incêndios na Califórnia, o smog na Índia ou as trovoadas na zona do equador.
A Rússia foi o maior desafio, mas também trouxe as melhores memórias. “Um dos momentos mais impressionantes foi sobrevoar a Sibéria, porque é tão remota e não sei se vou voltar a vê-la novamente”, revela. Um dos momentos mais caricatos foi quando um nevão a prendeu na cidade de Magadan, no norte da Rússia, com apenas 800 habitantes, sem wi-fi e muito poucos falantes de inglês.
Agora de volta à Bélgica, a jovem planeia estudar Engenharia Elétrica e planeia tornar-se astronauta. Amelia Earhart e Valentina Tereshkova são duas das suas maiores inspirações e agora, Zara espera também poder inspirar mais meninas a aventurarem-se na aviação.