De acordo com um estudo recente, a história do supervulcão de Yellowstone, há muito adormecido, é diferente da que se pensava até agora.
Há muito tempo que os cientistas pensavam que o supervulcão de Yellowstone era alimentado pelo calor do núcleo da Terra, como acontece com a maioria dos vulcões. No entanto, uma recente investigação, cujo estudo foi publicado no mês de maio na Nature Geoscience, desmonta completamente essa ideia, até agora dada como certa.
“Nesta investigação, não houve qualquer evidência de calor vindo diretamente do núcleo da Terra para alimentar o vulcão de Yellowstone”, afirma Ying Zhou, professor do Departamento de Geociências da Virginia Tech College of Science e autor principal do artigo científico.
“Em vez disso, as imagens subterrâneas que capturamos sugerem que os vulcões Yellowstone foram produzidos graças a uma gigantesca placa oceânica que mergulhou sob o oeste dos Estados Unidos, há cerca de 30 milhões de anos”, esclarece o cientista.
De acordo com Zhou e a equipa, esta antiga placa oceânica partiu-se em pedaços, tendo essa fragmentação resultado em perturbações nas rochas incomuns do manto que desencadearam as erupções vulcânicas dos últimos 16 milhões de anos.
Zhou criou imagens raio-X do interior profundo da Terra e descobriu uma estrutura subterrânea anómala a uma profundidade de 250 a 400 milhas, abaixo da linha de vulcões, explica o site EurekAlert. “Esta descoberta entrava em contradição com o modelo da pluma”, explica o líder da investigação.
Estas imagens do interior da Terra mostravam que placa oceânica de Farallon, que costumava estar no lugar onde o oceano Pacífico se encontra atualmente, “encravou” sob o atual oeste dos Estados Unidos. A placa partiu-se em pedaços e um desses fragmentos começou a rasgar e a afundar na Terra profunda.
À medida que o tempo foi passando, este pedaço de placa oceânica empurrou materiais quentes que formaram os vulcões que existem atualmente na região de Yellowstone. Desde então, o conjunto de vulcões que compõem Yellowstone tem-se movido muito lentamente.
Zhou refere que as frequentes erupções de geyser não são erupções vulcânicas com magma, mas sim de água superaquecida. A última super erupção de Yellowstone aconteceu há cerca de 630 mil anos e o cientista não tem previsões de quando é que o Yellowstone poderia entrar em erupção novamente.
Da mesma forma que os humanos podem ver objetos numa sala quando a luz está acesa, os sismógrafos conseguem “ver” estruturas profundas dentro da terra quando ocorre um terramoto. As vibrações espalham-se e criam ondas quando batem em pedras. Essas ondas são detetadas por sismógrafos.
“Foi a primeira vez que esta nova ‘teoria de imagens’ foi aplicada a este tipo de dados sísmicos, o que nos permitiu ver estruturas anómalas no manto da Terra que, de outra forma, não seriam descobertas usando métodos tradicionais”, sublinhou o especialista.
No futuro, imagens mais detalhadas destas rochas incomuns encontradas permitirão fazer simulações de modo a recriar a fragmentação da gigantesca placa oceânica e testar diferentes cenários de como o sistema de fusão do magma funciona nos vulcões de Yellowstone.