Washington está a um passo de se tornar o primeiro estado norte-americano a colocar em vigor a lei de compostagem humana, que permitirá transformar cadáveres em lixo orgânico em apenas algumas semanas.
O projeto de lei em causa, que permite a “redução orgânica natural” e visa ser uma alternativa “mais amiga do ambiente” relativamente aos enterros comuns, deverá em breve ser aprovada pelo governado democrata Jay Inslee, informa o USA Today.
Inslee, que apostou no ambiente e nas mudanças climáticas como uma das suas bandeiras eleitorais para a corrida à Presidência norte-americana de 2020, está agora a rever o projeto. Um porta-voz do seu gabinete adiantou que o processo de decomposição em causa “parece ser um esforço cuidadoso para reduzir a pegada” ecológica no planeta.
Tal como explicou o senador democrata Jamie Pedersen, que apoia também o projeto, o processo de redução orgânica natura permitirá ocupar menos espaço e poderá mesmo reduzir as emissões de carbono emitidas durante os processos de cremação.
De acordo com o governante, a compostagem humana deverá gerar, em média, 0,76 metros cúbicos de terra, equivalente a dois carrinhos de compostagem.
Se a lei for aprovada, os familiares poderão manter a terra resultante da compostagem num urna, plantar um árvore numa propriedade privada ou espalhá-la em terrenos público. Pedersen esclareceu ainda que as leias aplicáveis às cinzas das cremações seriam também válidas para a terra da compostagem humana.
“É espantoso que tenhamos esta experiência humana completamente universal – todos nós vamos morrer – e aqui está uma área em que a tecnologia nada fez por nós. Temos os dois meios de dispor corpos humanos que tínhamos já há milhares de anos – enterrar e queimar”, completou Pedersen. O senador revelou ainda que se inspirou no processo utilizado pelos agricultores para se desfazem dos animais mortos.
Compostagem humana pode ser mais em conta
A recompose, empresa norte-americana que oferece serviços de redução orgânica natural, cobraria 5.500 dólares por corpo (cerca de 4.900 euros), menos 7.360 dólares (6.500 euros) do que o valor estimando para um funeral convencional nos Estados Unidos. Os números são da American Funeral Directors Association (NFDA), publicado em 2017.
De acordo com a NFDA, Washington é o estado norte-americao onde mais se fazem cremações. 78% dos mortos em 2017 foram cremados.
A diretora da Recompose, Katrina Spade, explicou, citada pelo USA Today, que pretende oferecer uma alternativa significativa e sustentável às famílias. “O nossos objetivo é fornecer algo que seja o mais alinhado possível com o ciclo natural da vida”. Segundo Spade, este procedimento “não ocupará tanta terra como um enterro”.
Caso Inslee assine a lei, esta entrará em vigor em maio de 2020.
A compostagem é o processo pelo qual materiais orgânicos são decompostos e transformados em fertilizantes para o solo. Nada impede a utilização de cadáveres neste processo, mas, enterrar restos humanos num jardim, por exemplo, é um princípio ilegal, uma vez que só pode ser lugar de sepultura aquilo que é oficialmente designado como tal.
Mãe, o gato está a fazer cócó no avô… Acho boa ideia transformar os cemitérios em jardins onde se passem momentos felizes a recordar os falecidos, e o que estes contribuíram para a nossa felicidade. Atualmente um cemitério é um mar de pedra onde se compram e vendem propriedades, sem nenhuma felicidade associada.