Grupo Wagner quer criar “confederação” de Estados anti-Ocidente em África

Kremlin / Wikipedia

Yevgeny Prigozhin (dir) e o Presidente da Rússia, Vladimir Putin (c)

Documentos secretos revelam que o grupo Wagner terá como objetivo estabelecer uma “confederação” de Estados anti-Ocidente em África.

Segundo os referidos documentos, consultados pelo Washington Post, os serviços secretos norte-americanos estão preocupados com a rápida expansão da influência russa em África, naquele que é um mercado importante para o armamento.

No último ano, essa expansão motivou um impulso dos serviços de inteligência norte-americanos para procurar formas de atingir as bases dos mercenários, assim como os negócios que têm estabelecido em África, através de ataques e sanções, e também fornecendo à Ucrânia informação que a ajude a eliminar combatentes do grupo.

De acordo com os documentos, não muitas evidências de que a CIA, o Pentágono e outras agências tenham causado grandes contratempos ao Wagner durante os últimos seis aos, em que o grupo de mercenários te conquistado bases estratégicas em pelo menos oito países africanos.

A única ação militar mencionada foi um “ataque bem-sucedido não atribuído na Líbia”, que “destruiu uma avião logístico” do grupo. A mais significativa ocorreu perto de Deir al-Zour, na Síria, em fevereiro de 2018, quando ataques aéreos dos Estados Unidos (EUA) mataram várias centenas de combatentes do grupo Wagner que estavam a atacar soldados das Forças Delta, a principal força contraterrorista do exército norte-americano, rangers e forças curda perto de uma fábrica de gás.

Os documentos confirmam que a milícia está a expandir a sua presença no continente, sem grandes resistências. Os serviços secretos antecipam que Yevgeny Prigozhin, líder do grupo, vai “provavelmente reforçar ainda mais a sua rede em múltiplos países”, expondo os Estados vizinhos “às suas atividades desestabilizadoras”.

Nos últimos tempos, os mercenários aceleraram as suas operações e ganharam autoridade no continente. Prigozhin tem uma “agenda agressiva” e terá planos para combater a influência dos EUA e de França no Burkina Faso, na Eritreia, na Guiné, no Mali e noutros países.

No Telegram, Prigozhin garantiu que as suas operações em África têm como objetivo “defender o povo africano”. O líder dos mercenários também já ofereceu ajuda para mediar a paz no Sudão.

Na semana passada foi noticiado que o Wagner estaria a fornecer armamento a uma milícia no Sudão, liderada por Mohamed Hamdan Dagalo através da Líbia, país vizinho onde o grupo tem forte presença por ter dado apoio ao general Khalifa Haftar.

Um dos interesses do grupo no continente africano passa pelo acesso a recursos naturais. Um dos documentos secretos indica que estará a extrair recursos na República Centro-Africana, na Líbia e no Sudão.

“Vamos matar todos”

Entretanto, no cenário de guerra, Prigozhin disse que os seus homens que estão a lutar na cidade ucraniana de Bakhmut vão matar os soldados rivais e não farão mais prisioneiros, noticiou a agência Madremedia.

Prigozhin reagiu a uma publicação no Telegram do Wagner, onde uma suposta gravação referia que dois ucranianos decidiram matar um prisioneiro de guerra russo. “Vamos matar todos no campo de batalha. Não façam mais prisioneiros de guerra!” referiu o líder do grupo.

“Não sabemos o nome do nosso soldado baleado por ucranianos”, indicou Prigozhin, acrescentando que, de acordo com a lei internacional, o seu grupo era obrigado a “cuidar, tratar e não ferir” qualquer prisioneiro de guerra.

Prigozhin salientou ainda que o Wagner não queria violar a lei internacional, mas que mataria todos os soldados no campo de batalha.

Há poucas semanas o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, acusou este grupo de decapitar soldados ucranianos.

ZAP //

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