Volkswagen vai indemnizar funcionários vítimas da ditadura no Brasil em 5,5 milhões

A fabricante de automóveis alemã Volkswagen anunciou na quarta-feira que vai pagar cerca de 36 milhões de reais (aproximadamente 5,5 milhões de euros) em indemnizações e doações a antigos funcionários da sua filial brasileira que foram perseguidos durante a ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1985.

Segundo noticiou a Reuters, esta decisão ocorre depois que uma comissão nomeada pelo Governo que investiga abusos cometidos durante a ditadura no Brasil ter descoberto provas de que empresas, incluindo a Volkswagen, ajudaram secretamente os militares brasileiros a identificarem suspeitos “subversivos” e ativistas sindicais.

Muitos destes funcionários foram, na altura, despedidos, detidos ou perseguidos pela polícia e impedidos de encontrar novos empregos nos anos que se seguiram, conforme revelou uma investigação da Reuters de 2014.

Na quarta-feira, a Volkswagen anunciou que assinou um acordo com o Ministério Público Federal em São Paulo que inclui a doação de 16,8 milhões de reais (cerca de 2,58 milhões de euros) a uma associação formada por antigos funcionários e familiares das vítimas. O restante dinheiro será doado a várias organizações de defesa dos direitos humanos.

De acordo com a Deutsche Welle, mais de 60 pessoas serão beneficiadas. Em causa estava uma queixa levantada por ex-funcionários que trabalharam na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo durante a ditadura militar no Brasil, avançou a publicação alemã, acrescentando que, com o acordo, a fabricante evita uma disputa judicial.

“É importante lidar responsavelmente com este capítulo negativo da história do Brasil e promover a transparência”, afirmou em comunicado Hiltrud Werner, que pertence ao Conselho de Administração da Volkswagen.

Segundo o historiador Christopher Kopper, da Universidade de Bielefeld, contratado pela Volkswagen para analisar o caso, este acordo será histórico. “Será a primeira vez que uma empresa alemã aceita responsabilidade por violações de direitos humanos contra os seus próprios funcionários por eventos que aconteceram após o fim do Nacional-Socialismo [nazismo]”, disse aos meios de comunicação alemães.

ZAP //

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