Voldemort chegou ao reino animal. É “um temível caçador na escuridão”

ZooKeys

Leptanilla voldemort

“Fantasma” foi descoberto recentemente numa das superfícies terrestres mais antigas da Terra. Vive nas trevas, no subsolo australiano, característica que junto com a sua palidez lhe valeu um nome que não deve ser pronunciado.

É uma autêntica “devoradora da morte”: pálida e translúcida, como um fantasma. A sua esguia figura foi encontrada à margem da sociedade, nas profundezas do subsolo.

De antenas longas e finas e pernas e mandíbulas afiadas, a nova espécie de formiga, detetada no noroeste da Austrália, está bem habituada a uma vida inteira de escuridão, o que lhe valeu o nome de Leptanilla voldemort, em homenagem ao famoso vilão da saga Harry Potter.

Apesar de tudo, não passa de uma formiga de apenas um a dois milímetros de comprimento. A descoberta foi feita em Pilbara, uma das superfícies terrestres mais antigas da Terra, durante um estudo ecológico destinado a documentar os animais subterrâneos.

A pequena formiga pertence ao género Leptanilla, conhecido pela sua natureza esquiva. Cegas, pálidas e tipicamente muito pequenas, estas formigas raramente são recolhidas e são, por isso, algo estranhas à biologia.

Neste caso, para descobrir “aquela cujo nome não deve ser pronunciado”, uma equipa liderada por Mark K.L. Wong e Jane M. McRae fez descer uma rede a um buraco de 25 metros e raspou as paredes para capturar novos espécimes subterrâneos. No processo, outros invertebrados foram descobertos, como centopeias, escaravelhos e moscas.

“A Leptanilla voldemort é quase de certeza um predador, um temível caçador na escuridão“, afirmou o Dr. Mark Wong, autor principal de um estudo publicado a 11 de abril na revista ZooKeys que descreve a espécie, em comunicado à EurekAlert.

O género Leptanilla conta atualmente com cerca de 60 espécies conhecidas, todas elas exclusivas ao subsolo. Observações de outras espécies dentro do género mostraram que estas formigas usam as suas mandíbulas afiadas e ferrões poderosos para imobilizar presas significativamente maiores do que elas, como por exemplo centopeias. Depois, alimentam as suas larvas com a presa imobilizada.

Embora a identidade da presa específica de L. voldemort permaneça um mistério, a presença de vários invertebrados subterrâneos na área fornece novas pistas sobre a sua possível dieta.

A decisão de dar à espécie o nome de uma personagem da mais famosa saga de feitiçaria dá continuidade a uma tradição na nomenclatura científica em que novas espécies recebem o nome de personagens de ficção.

Tomás Guimarães, ZAP //

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