Com os fenómenos climáticos cada vez mais extremados, a ideia de se viver no subsolo poderá deixar de ser uma fantasia, para se tornar uma solução real e tangível.
Começamos a sentir na pele as consequências das alterações climáticas.
Viver debaixo do solo, uma alternativa antes relegada a histórias de ficção científica, começa agora a não ser totalmente descabido.
Face às mudanças climáticas que estão a tornar certas regiões do planeta insuportavelmente quentes, poderemos estar no limiar de uma era onde os earthscrapers poderão começar a substituir as casas tradicionais.
Como explica a Science Alert, no subsolo, as temperaturas podem permanecer muito mais estáveis, sem a necessidade de depender de ar condicionado ou aquecimento que consome muita energia e ainda agrava mais os problemas ambientais.
Dois Earthscrapers já exisitentes
Em Coober Pedy, na Austrália, famosa pelas minas de opala, 60% da população já optou por esta abordagem.
https://www.youtube.com/watch?v=B3oKPtUlH-U&pp=ygULQ29vYmVyIFBlZHk%3D
Nessas casas subterrâneas, as temperaturas estabilizam nos 23°C, o que contrasta com os extremos climáticos da superfície, que variam entre calor abrasador e frio intenso.
No entanto, a construção destes refúgios, chamados dugouts, apresenta os seus riscos, como possíveis desabamentos e até o insólito fenómeno de escavações que intersectam a propriedade de um vizinho.
Outro exemplo intrigante é a cidade perdida de Derinkuyu, na Turquia.
Redescoberta em 1963, esta rede subterrânea de túneis remonta a 2000 a.C..
Tem 18 andares, chega a 76 metros abaixo da superfície, com 15.000 poços para levar luz e ventilação ao labirinto de igrejas, estábulos, armazéns e casas que foram construídas para, em tempo, albergar 20.000 pessoas.
Com temperaturas estáveis e frescas, estas câmaras subterrâneas eram ideais para conservação de alimentos.
Cuidados a ter com os earthscrapers
A ausência de exposição à luz solar pode originar distúrbios no ritmo circadiano e consequentes problemas de saúde.
A ameaça de inundações repentinas, sobretudo em zonas propensas a fenómenos climáticos extremos, é também um fator preocupante.
Construir no subsolo impõe também desafios técnicos e geológicos. Os materiais têm de ser extremamente resistentes, e são necessárias avaliações geológicas minuciosas.
As infraestruturas na superfície podem também influenciar as temperaturas subterrâneas, com possíveis consequências estruturais a longo prazo.
Para que estas cidades subterrâneas se tornem uma opção apelativa, têm de oferecer segurança, boa ventilação, alguma forma de luz natural e alguma sensação de conexão com o mundo exterior.
Neste mundo moderno, já existem bunkers no subsolo, construídos por governos ou por milionários, para os seus donos se refugiarem quando (se) o chegar o inverno nuclear ou o calor do aquecimento global. Deve ser por isso que há quem não esteja (aparentemente) preocupado quer com uma coisa quer com a outra.
As regiões desérticas não são propensas a inundações, e essas regiões tendem a crescer em extensão. A rocha, principalmente a rocha-mãe, é um material de construção bastante resistente..e de graça. As pessoas não teriam necessariamente de deixar de ver o Sol, durante todo o ano, poderiam passear na superfície sempre que o tempo permitisse. Não ficariam prisioneiras, só por passarem a morar no subsolo