Viver nas montanhas é o melhor para a saúde. Eis as razões

O segredo para uma vida mais saudável pode passar por uma mudança para as montanhas. Um novo estudo revelou que dois milhões de pessoas que vivem a uma altitude de mais de 4.500 metros têm taxas mais baixas de condições metabólicas, como diabetes e doenças coronárias.

O novo estudo sugere que não são apenas as caminhadas diárias pelas montanhas que nos deixam em forma. De acordo com os investigadores, a razão por trás da boa saúde deriva dos baixos níveis de oxigénio. Compreender como esses níveis afetam a saúde pode levar a novas estratégias de tratamento de doenças metabólicas.

“Quando um organismo é exposto a níveis cronicamente baixos de oxigénio, descobrimos que diferentes órgãos redistribuem as suas fontes de combustível e as suas vias de produção de energia de várias formas”, disse Isha Jain, uma das autoras do estudo.

“Esperamos que estas descobertas nos ajudem a identificar interruptores metabólicos que possam ser benéficos para o metabolismo, mesmo fora de ambientes com baixo teor de oxigénio”, continuou, citada pelo Study Finds.

Ao nível do mar, o oxigénio constitui 21% do ar. No entanto, para aqueles que vivem acima dos 4.500 metros o oxigénio representa apenas 11% do ar. Viver nestas áreas durante longos períodos de tempo obriga o corpo humano a adaptar-se à escassez de oxigénio – também conhecida como hipoxia.

Neste estudo recente, publicado na Cell Metabolism, Jain e os colegas analisaram o impacto da hipoxia a longo prazo nos órgãos em todo o corpo. “Queríamos traçar o perfil das alterações metabólicas que ocorrem enquanto organismo se adapta à hipoxia”, disse Ayush Midha, outras das autoras.

A equipa colocou ratos adultos em câmaras de pressão que continham 21%, 11% ou 8% de oxigénio – níveis onde tanto ratos como humanos podem sobreviver. Os investigadores observaram o comportamento durante um período de três semanas, juntamente com o acompanhamento da temperatura, nível de dióxido de carbono e níveis de açúcar no sangue, bem como o consumo de nutrientes.

Foram necessários alguns dias para os ratos se ajustasseem à câmara de pressão. Os ratos em condições de hipoxia (11% e 8% de níveis de oxigénio) movimentavam-se menos e passavam horas completamente parados. No entanto, no final da terceira semana, os seus padrões de movimento voltavam ao normal. Os níveis de dióxido de carbono no sangue diminuíram quando respiravam mais rapidamente para obterem mais oxigénio, mas isto voltou aos níveis normais após o período de três semanas.

Contudo, o metabolismo dos ratos ficou permanentemente alterado. Os animais em hipoxia tinham níveis de açúcar no sangue e peso mais baixos, que nunca regressaram aos níveis pré-hipóxicos. Os investigadores sugerem que estas alterações a longo prazo assemelham-se ao que os médicos encontram nas pessoas que vivem em zonas mais elevadas.

Normalmente, o organismo necessita de toneladas de oxigénio para metabolizar ácidos gordos e aminoácidos. É necessário menos oxigénio para metabolizar o açúcar. Os ratos em condições hipóxicas mostraram um aumento do metabolismo da glucose, uma observação que os investigadores esperavam.

A descoberta inesperada foi que o tecido adiposo e os músculos esqueléticos reduziram a quantidade de açúcar que normalmente utilizam.

“Antes deste estudo, a suposição era que em condições hipóxicas, o metabolismo de todo o corpo tornava-se mais eficiente na utilização de oxigénio, o que significa que queima mais glicose e menos ácidos gordos e aminoácidos. Mostrámos que enquanto alguns órgãos estão de facto a consumir mais glicose, outros tornam-se poupadores de glicose”, explicou Isha Jain.

A queda nos níveis de glucose e no peso corporal observada em ratos hipóxicos tem uma ligação a um menor risco de doenças nos humanos. A descoberta é um passo para a criação de novos medicamentos que imitem os benefícios metabólicos que a hipoxia ou as viagens a alta altitude proporcionam à saúde humana.

O próximo trabalho da equipa envolve a utilização de condições hipóxicas para estudar tipos celulares individuais e níveis de moléculas de sinalização.

“Já vemos atletas que vão treinar em altitude para melhorar o seu desempenho; talvez no futuro, comecemos a recomendar que as pessoas passem tempo em alta altitude por outras razões de saúde”, conclui Ayush Midha.

ZAP //

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