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Encontrados os restos mortais da mais antiga vítima de um ataque de tubarão

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Uma equipa de investigadores descobriu aquilo que diz ser a primeira evidência direta de um ataque de tubarão a um ser humano. Acredita-se que a criatura marinha tenha causado cerca de 790 ferimentos ao homem há 3.000 anos.

Os especialistas da Universidade de Oxford fizeram a descoberta enquanto estudavam os restos mortais de um homem adulto no local de Tsukumo, perto do Mar Interior de Seto, no Japão. Os restos mortais estavam cobertos por ferimentos traumáticos nos braços, pernas, frente do tórax e abdómen.

“Ficamos inicialmente confusos com o que poderia ter causado pelo menos 790 ferimentos profundos a este homem”, referiram os investigadores J. Alyssa White e Rick Schulting num comunicado a que a CNN teve acesso.

Segundo a equipa, algumas das lesões eram muito afiadas, profundas e em “forma de V”, sendo ainda semelhantes a feridas causadas por instrumentos de metal que não eram usados pelos caçadores-coletores deste período. Por outro lado, os carnívoros terrestres também não eram consistentes com as lesões.

“Através de um processo de eliminação, excluímos o conflito humano e os predadores animais ou necrófagos mais comummente relatados”, escreveram no comunicado.

Desta forma, os investigadores perceberam que o ataque poderia ter sido feito por um tubarão, colocando em hipótese o tubarão tigre ou o tubarão branco.

A equipa trabalhou com George Burgess, diretor do Programa da Flórida para Pesquisa de Tubarões, para analisar ataques e montar uma reconstrução do caso raro.

“Existem poucos exemplos conhecidos de ataques de tubarão nos registos arqueológicos”, referiu Schulting à CNN, acrescentando que o primeiro exemplo concreto que a equipa conseguiu encontrar surgiu num local pré-colombiano em Porto Rico, datado de pouco antes de 1000 d.C.

“A principal razão pela qual existem tão poucos casos conhecidos é porque eram muito raros”, afirma Schulting, frisando que “mesmo hoje, com muitas mais pessoas no mundo, ocorrem apenas alguns ataques de tubarão”.

Após a análise de radiocarbono, a equipa concluiu que o homem morreu entre 1370 a.C e 1010 a.C, ou seja, há mais de 3.000 anos.

Tendo em conta a análise realizada, os especialistas acreditam que a vítima pré-histórica estava viva no momento do ataque devido à distribuição dos ferimentos, sendo que a sua mão esquerda estava em falta.

De acordo com os arqueólogos, o corpo do homem foi resgatado logo após o ataque, e este foi enterrado numa cerimónia fúnebre.

O co-autor Mark Hudson, investigador do Instituto Max Planck, acrescentou em comunicado que o caso é um raro exemplo do encontro de um episódio dramático na vida de uma comunidade pré-histórica.

As descobertas foram publicadas no Journal of Archaeological Science.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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