A norte-americana Amy Pope liderou hoje a votação para suceder a António Vitorino na direção da Organização Internacional para as Migrações (OIM), mas sem conseguir a maioria de dois terços necessária para ser eleita, disseram fontes diplomáticas.
O resultado da primeira votação, realizada à porta fechada, foi noticiado pela agência norte-americana AP, citando três funcionários diplomáticos que pediram para não ser identificados.
Votaram na primeira ronda 165 países, pelo que seriam necessários 110 votos para vencer.
Pope, que conta com o apoio dos Estados Unidos, é adjunta de Vitorino, cuja reeleição como diretor-geral da OIM tem o apoio da União Europeia (UE).
Pope é a nova aposta do Governo de Joe Biden para liderar a OIM, organização que tem sido dirigida maioritariamente por norte-americanos e que nunca teve uma mulher no comando.
Esta é vista como uma tentativa de os Estados Unidos voltarem à liderança de organizações multilaterais, após quatro anos de afastamento e rejeição protagonizados pelo Governo de Donald Trump.
Em 2018, Vitorino derrotou precisamente o polémico candidato apoiado por Trump, Ken Isaacs, que apresentava um histórico de declarações anti-imigrantes.
Em entrevista à agência AFP em março passado, Amy Pope, de 49 anos, admitiu que foi “um pouco estranho” concorrer para destituir o seu chefe, António Vitorino.
A norte-americana advogou que a decisão de competir contra o seu chefe de 66 anos – apenas o segundo cidadão não-americano a comandar a OIM em sete décadas de história – deveu-se à necessidade de colocar “a organização no século XXI” e levar mais “energia” ao cargo, naquilo que aparentou ser uma critica velada à postura e idade do português.
“Ainda estamos um pouco presos às velhas formas de ver a migração”, afirmou, insistindo que uma “visão real” era necessária para provocar uma mudança cultural.
Vitorino optou por não responder à questão da idade, mas observou que o último norte-americano a dirigir a OIM – William Swing – tinha quase 80 anos quando foi nomeado para um segundo mandato, em 2013.
A candidatura de Pope marca a primeira vez nos 70 anos de história da OIM que um vice-diretor-geral em exercício contesta o cargo de diretor-geral, movimento incomum que tem preocupado especialistas.
ZAP // Lusa