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“A vergonha” da polícia espanhola na fronteira (foi Portugal que emprestou cadeiras e uma tenda)

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@Macarena_Olona / Twitter

Polícia portuguesa em contentores e agentes espanhóis numa tenda na fronteira de Ayamonte.

As condições dos agentes deslocados por Espanha para a fronteira com Portugal, na zona de Ayamonte, estão a levantar duras críticas no país vizinho, até comparando com as infraestruturas disponibilizadas aos polícias portugueses.

Os agentes espanhóis estão a fazer o controlo da fronteira numa singela cabana de madeira, onde chove, enquanto os portugueses estão instalados em contentores modernos com electricidade.

A situação é relatada pelo jornalista espanhol Javier Caraballo no seu blogue no jornal El Confidencial, onde fala da “vergonha de um polícia espanhol na fronteira”.

A deputada do Vox, Macarena Olona, reforça as críticas no Twitter, com duas fotografias que mostram a disparidade de meios no “controle da fronteira sul de Espanha com Portugal”, sublinhando que os membros da polícia portuguesa estão instalados em infraestruturas “com luz eléctrica desde o primeiro dia”. Já os meios da polícia espanhola foram “emprestados por Portugal para proteger os agentes da chuva”, sublinha a deputada.

Em declarações divulgadas por Javier Caraballo, o agente Juan Carlos da Confederação Espanhola de Polícia repara que “os contentores de Portugal são novos, em perfeitas condições, e desde o primeiro dia contam com luz eléctrica e espaço suficiente”.

“Nós tivemos que nos conformar, primeiro, com uma tenda branca que nos emprestaram os portugueses porque nos deixaram na estrada, de pé, ao lado dos carros, a descoberto. E claro, chovia a potes. Imagine-se o que supunha, nessas condições, em meio de uma tempestade, parar um carro e rever a documentação”, relata o agente espanhol.

“Os portugueses emprestaram-nos a tenda branca e duas cadeiras que não utilizavam”, acrescenta, salientando que depois de terem protestado por causa das condições, receberam um “módulo de madeira”. “Mas também fica molhado quando chove, por isso pomos-lhe plásticos”, atira ainda o agente.

“Parecemos um país terceiro-mundista ao lado” de Portugal, acrescenta o agente, questionando se “isto é digno” de Espanha.

“Ouvi dizer o ministro Marlaska que está a dotar a Polícia de todos os meios, mas não é verdade. Isto dá vergonha. A única explicação que podemos dar-nos é que Portugal, que é um país com menos riqueza do que o nosso, quer e cuida mais dos seus polícias”, frisa Juan Carlos.

O jornalista acaba por concluir que este exemplo, embora seja “um detalhe insignificante, minúsculo”, ajuda a compreender porque é que Portugal está a conseguir combater melhor a pandemia do que Espanha. Notando que ambos os países têm primeiros-ministros socialistas, Javier Caraballo constata que “as semelhanças acabam aí”.

“Tudo o demais vai contra Espanha porque o país com uma melhor saúde pública e com maior potencial económico é o que pior reagiu”, escreve o jornalista.

“A quarta economia da União Europeia” reage à pandemia com “piores meios, menos recursos públicos, menos efectividade na gestão que o seu país vizinho” que é apenas o 12.º no ranking económico europeu, acrescenta.

O artigo do jornalista no El Confidencial ainda inclui um vídeo onde um agente espanhol mostra uma das máscaras que foram facultadas aos polícias para trabalhar em tempos de pandemia, lamentando que parece “um guardanapo ou um filtro de café”.

Javier Caraballo conclui que se se transpuser esta falta de meios para “todos aqueles que estão a lutar, desde o primeiro dia, contra o coronavírus em Espanha, tratando, cuidando, atendendo doentes ou cidadãos contagiados”, como “médicos, guardas civis, enfermeiros”, poderão encontrar-se “respostas muito semelhantes”. Isto denota uma “improvisação superficial e uma gestão sem sentido“, conclui o jornalista.

Em Espanha, há mais de 35 mil profissionais de saúde infectados. Nos últimos dias, médicos e enfermeiros do país vizinho têm usado as redes sociais para se queixarem da falta de meios e de equipamentos de protecção.

SV, ZAP //

3 Comments

  1. Talvez os espanhóis não estivessem muito interessados em proteger suas fronteiras com Portugal, tendo em vista que já estavam devastados pela disseminação da covid-19.
    Daí, deslocaram policiais apenas para constar a presença deles como uma impressão de “dever cumprido”.
    Danem -se os outros que ainda não estão com na pandemia em níveis tão descontrolados!!

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