A NASA tem encontrado asteroides que orbitam o Sol – mas poderá ter de alargar a sua pesquisa. Astrónomos acreditam em asteroides perto de Vénus.
E se Vénus estiver a esconder asteroides, que ainda não foram detectados, e que podem ameaçar a Terra?
Um novo estudo alerta para essa possibilidade, que aborda uma “ameaça invisível”, avaliando o “risco de colisão” desses asteroides, lê-se.
A NASA tem encontrado asteroides que se aproximam até 1,3 unidades astronómicas (UA) do nosso planeta, mas outros asteroides, não detetados até aqui, estarão a coorbitar Vénus. Passam despercebidos devido às suas órbitas particulares e às dificuldades de visibilidade.
Esta análise procura determinar se estes coorbitais de Vénus representam uma ameaça para a Terra e em que medida podem ser observados a partir de observatórios atuais ou futuros.
Até aqui, conhecemos apenas 20 asteroides coorbitais de Vénus. Embora as suas órbitas os impeçam de se aproximarem perigosamente do próprio planeta Vénus, podem ainda assim chegar muito perto da Terra. Estes asteroides são considerados potencialmente perigosos se tiverem mais de 140 metros de diâmetro e passarem a menos de 0,05 UA da órbita terrestre.
Quando as órbitas dos asteroides têm uma natureza caótica, são mais difíceis de detetar.
Os investigadores explicam que os coorbitais de Vénus têm um “tempo de Lyapunov” de cerca de 150 anos – as suas órbitas tornam-se imprevisíveis após esse intervalo. Assim, seguir a trajetória de um único objeto a longo prazo não é fiável.
Por isso, a equipa de astrónomos simulou o comportamento de 26 asteroides “clonados” com diferentes características orbitais, ao longo de 36.000 anos.
As simulações revelaram que alguns desses corpos, especialmente os que têm excentricidades orbitais inferiores a 0,38, podem de facto aproximar-se da Terra, sugerindo uma ameaça real de impacto.
No entanto, detetar estes objetos continua a ser um desafio significativo. O brilho do Sol torna-os praticamente invisíveis a partir da Terra durante grande parte do ano, limitando as oportunidades de deteção a janelas de observação muito específicas, geralmente quando os asteroides estão mais próximos da Terra.
O futuro Observatório Vera Rubin poderá ajudar a identificar alguns destes objetos difíceis de detetar durante as suas operações de levantamento.
Contudo, os investigadores defendem que será necessário um esforço mais focado.
Uma das soluções propostas passa pelo envio de um observatório espacial para a órbita de Vénus, ou para um ponto de Lagrange solar próximo de Vénus.
Observações a partir desses locais — especialmente se forem direcionadas na direção oposta ao Sol — poderiam melhorar significativamente a deteção destes asteroides ocultos.
É que mesmo os asteroides de pequenas dimensões podem causar danos catastróficos. Há por isso urgência em localizar e seguir estes objetos esquivos. O risco pode estar a orbitar silenciosamente ao lado do nosso planeta vizinho, avisa o Universe Today.