O presidente do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, disse na quarta-feira que a oposição tem mantido conversações com o governo dos Estados Unidos (EUA) e anunciou que chegou o momento de pressionar mais o regime liderado por Nicolás Maduro.
“Depois de oito meses de luta, chegou o momento, hoje, de desenvolver um processo com maior pressão”, disse, durante um evento na sede do diário El Nacional, em Caracas, citado pela agência Lusa. “Todos os mecanismos de pressão sobre o regime são a força para ganhar”, afirmou.
“Chegámos a um momento de importantes definições, a uma etapa máxima de cooperações internacionais. Vamos estender as mãos àqueles militares que se puseram do lado da Constituição, porque temos conversações, mas para a saída de [Nicolás] Maduro”, acrescentou.
As declarações de Juan Guaidó têm lugar um dia depois de o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter afirmado que membros do seu Governo, com a sua autorização, mantêm contactos de alto nível com funcionários da administração norte-americana de Donald Trump.
O líder opositor questionou as afirmações do chefe de Estado e acusou o Presidente da Venezuela de pretender “fazer ver que ele é quem está no processo” de conversações com Washington. “O usurpador está tão desesperado que faz ver que está com o processo, quando depois o desmentem e fica mal, em ridículo”, declarou.
Juan Guaidó referiu-se também ao diálogo entre o Governo venezuelano e a oposição, que desde maio último decorria sob a mediação da Noruega. “Eles [Governo] disseram que nunca se levantariam [abandonariam o diálogo] e dias depois se levantaram”, destacou. “Não é que a Venezuela [oposição] já ganhou, é que o regime está derrotado”, frisou.
“[Donald] Trump disse que os EUA dialogam ao mais alto nível com funcionários venezuelanos e é assim, não é uma novidade”, avançou na terça-feira, Nicolás Maduro, destacando que o seu Governo tem procurado o diálogo e a “forma do Presidente Donald Trump ouvir de verdade a Venezuela”.
“Desde há meses há contactos entre altos funcionários do Governo dos EUA, de Donald Trump, e do Governo bolivariano que eu presido, sob a minha autorização expressa, direta”, acrescentou.
Na quarta-feira, John Bolton, assessor de segurança de Donald Trump, referiu-se aos termos em que decorrem as reuniões com o regime venezuelano.
“Como o Presidente [Donald Trump] declarou, em repetidas ocasiões, para pôr fim ao roubo de recursos do povo venezuelano e à contínua repressão, [Nicolás] Maduro deve ir embora. Os únicos elementos debatidos que estão a chegar a [Nicolás] Maduro são a sua partida e eleições livres e justas”, escreveu no Twitter.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro último, quando o presidente da Assembleia Nacional (parlamento, onde a oposição detém a maioria), Juan Guaidó, assumiu sob juramento as funções de Presidente interino.
Pelo menos quatro milhões de pessoas abandonaram a Venezuela, nos últimos anos, fugindo da crise económica, social e política que afeta o país.