Parece estranho, mas é só mais um desenvolvimento na longa disputa territorial com a Guiana Inglesa. Conflito armado pode estar cada vez mais próximo.
É já desde 1966 (desde a existência da Guiana Inglesa) que a Venezuela reivindica a região de Essequibo, reconhecida como parte do país vizinho.
Tudo começou com petróleo (o país fronteiriço com a Venezuela pode tornar-se o maior produtor per capita de petróleo do mundo).
Rica em ouro negro, esta região pertencia à Venezuela no período do colonialismo espanhol. Mas quando a Guiana Inglesa se tornou independente, as suas fronteiras foram reconhecidas por toda a comunidade internacional — menos a Venezuela. O presidente Nicolás Maduro declarou recentemente a existência do estado venezuelano da “Guayana Esequiba”.
Agora, à revelia do povo de Essequibo (cerca de 15% dos habitantes da Guiana), os venezuelanos elegeram este domingo para a região um novo governador, seis deputados para a Assembleia Nacional da Venezuela e sete para uma assembleia legislativa regional. A população da região não participou nas eleições.
“Estamos apoiados em bases históricas, legais e morais em relação a esse território”, alegou o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, citado pela CNN.
O presidente guianense Irfaan Al chamou à eleição regional de “escandalosa, falsa, propagandista e oportunista”.
Bomba-relógio sul-americana
A luta armada entre os dois países parece cada vez mais iminente. A Venezuela rejeitou uma decisão de 1899 de árbitros internacionais que estabeleceu as atuais fronteiras quando a Guiana ainda era uma colónia britânica, mas a Guiana ripostou em 2018 com um pedido ainda em análise ao Tribunal Internacional de Justiça para validar a decisão.
A região com 125.000 habitantes conta com o apoio dos EUA para continuar a pertencer à Guiana.
“Os Estados Unidos rejeitam todas as tentativas de Nicolás Maduro e o seu regime ilegítimo de minar a integridade territorial da Guiana, incluindo esta última eleição fraudulenta na região de Essequibo”, escreveu o Departamento de Estado norte-americano esta semana.
No início deste mês, um relatório do Centro para Estratégia e Estudos Internacionais americano descreveu que a Venezuela expandira a sua presença militar na fronteira com a Guiana, num clima de “perpétuo estado de pré-guerra“.
O Maduro anda a brincar com o fogo. Corre um grande risco de se queimar, o Trampas não gosta de ser desafiado.