De um lado, milhares de chavistas nas ruas; do outro lado, apoiantes da escondida María Corina Machado. Marcelo apoia europeus.
Milhares de chavistas manifestaram-se neste sábado em Caracas “em defesa da paz” e apoio à anunciada reeleição de Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela, cuja vitória nas eleições – realizadas em 28 de julho – é questionada interna e externamente.
Dezenas de automobilistas percorreram vários quilómetros na zona leste da capital venezuelana buzinando em apoio a Maduro e para rejeitar o que o chavismo e as autoridades governamentais consideram uma tentativa de golpe de Estado, aludindo às alegações de fraude eleitoral por parte da maior coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD).
Centenas de chavistas também se reuniram em pelo menos dois pontos da cidade para caminhar até uma área próxima do palácio presidencial de Miraflores, sem confirmação da presença de Maduro no final da iniciativa.
Essas manifestações foram replicadas em algumas regiões do país, como mostram nas redes sociais os governadores chavistas e os meios de comunicação estatais, que atenderam ao apelo feito pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder, que pediu aos seus apoiantes para se manifestarem no mesmo dia em que a PUD convocou protestos em todo o país.
Apoio à oposição
Em Caracas, milhares de venezuelanos reuniram-se para ouvir o discurso da líder anti-Chávez María Corina Machado, principal impulsionadora da candidatura de Edmundo González Urrutia.
María Corina Machado estava escondida e temia pela vida mas apareceu nesta manifestação – foi a própria a convocar o encontro. Pediu aos manifestantes que se mobilizem para saber de forma transparente os resultados das eleições.
Segundo a PUD, Edmundo González venceu as eleições presidenciais contra Maduro por uma ampla margem, uma reivindicação que já foi reconhecida por vários países.
A comissão eleitoral anunciou a vitória de Maduro sem ter publicado os resultados da votação, como exigido por lei, o que reforçou a reivindicação da PUD, que, em vez disso, publicou os totais de votos em “81%” das assembleias de voto, que – insistem – demonstram a vitória de González Urrutia, enquanto o chavismo rejeita a sua validade.
Esta situação provocou protestos desde segunda-feira, alguns dos quais se tornaram violentos, resultando em 13 mortes, incluindo dois militares.
O regime considera que se trata de um plano de desestabilização, pelo qual acusa os dirigentes da PUD, e que levou já à detenção de mais de 1.200 pessoas em todo o país, algumas das quais foram retiradas à força das suas casas.
Marcelo apoia europeus
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apoia a posição do Governo de Portugal e de outros seis países europeus que exigem transparência dos resultados das eleições na Venezuela, anunciou a Presidência.
O Presidente da República apoia a posição dos Governos “exigindo a divulgação de todas as atas eleitorais, para assegurar a transparência do resultado das eleições e o respeito pelos direitos de todos os venezuelanos, bem como assegurar a Democracia e as Liberdades”.
A informação foi divulgada na página oficial da Presidência da República, no dia em que também foi conhecida uma declaração conjunta de sete países europeus na qual estes apelam às autoridades venezuelanas para que divulguem rapidamente todas as atas da votação de domingo, para garantir “a total transparência e integridade do processo eleitoral”.
A declaração conjunta foi assinada pelos Governos de Portugal, Itália, França, Alemanha, Espanha, Países Baixos e Polónia.
Maduro deixa aviso
O Presidente venezuelano disse que o país não aceitará a tentativa de lhe “usurparem novamente a presidência”, em reação à contestação da sua reeleição pela oposição, que reclama a vitória, e por parte da comunidade internacional.
“Não aceitaremos, com as leis nacionais, que eles” tentem “usurpar novamente a presidência da República“, declarou Nicolás Maduro, numa manifestação de apoio que se realizou no sábado, em Caracas, em resposta aos protestos pacíficos convocados pela oposição um pouco por todo o país.
No discurso, o Presidente venezuelano assegurou ainda que “as patrulhas militares e policiais” vão continuar em todo o país.
“As patrulhas militares e policiais estão a ser mantidas em toda a Venezuela para proteger o povo”, disse Maduro.
ZAP // Lusa