O veneno da aranha-teia-de-funil pode ser uma valiosa fonte de fármacos que salvam vidas, como medicamentos para o cancro da pele ou para vítimas de AVC. A estas possibilidades junta-se agora uma outra: um candidato a fármaco, desenvolvido a partir de uma molécula deste veneno, pode parar o “sinal de morte” que resulta de um ataque cardíaco.
Numa experiência realizada com ratos de laboratório, uma equipa de cientistas descobriu que a administração de uma pequena proteína presente no veneno da aranha-teia-de-funil após um AVC induzido reduz significativamente o potencial de dano cerebral, mesmo horas após o evento.
“Descobrimos que esta pequena proteína, Hi1a, reduz surpreendentemente os danos cerebrais mesmo quando é administrada até oito horas após o início do AVC”, começou por explicar Glenn King, citado pelo New Atlas.
“Fez sentido testar também a Hi1a em células cardíacas, porque, tal como o cérebro, o coração é um dos órgãos mais sensíveis do corpo à perda de fluxo sanguíneo e à falta de oxigénio”, acrescentou.
A proteína conseguiu bloquear aquele que é conhecido como “sinal de morte“, que normalmente se espalha pelas células cardíacas no caso de um ataque.
No fundo, trata-se de um sinal que é enviado à célula para que ela morra caso não tenha oxigénio suficiente, o que pode acontecer durante um ataque ou durante a remoção do órgão para um transplante, por exemplo.
Além de ser um órgão com zero capacidade de se regenerar, o coração só consegue sobreviver fora do corpo durante algumas horas. Os cientistas acreditam que o candidato a fármaco “poderá ser usado para aumentar o número de doadores disponíveis para transplante”.
Nos testes realizados em laboratório, a equipa de cientistas da Universidade de Queensland descobriu que as células expostas a um ataque cardíaco tinham maior probabilidade de sobreviver se fossem tratadas com a proteína Hi1a.
O artigo científico foi publicado a 15 de julho na Circulation.
A aranha-teia-de-funil é considerada a mais perigosa do mundo. Nativa do continente australiano, esta aranha existe há cerca de 400 milhões de anos e o seu veneno é extremamente tóxico.
Ao ritmo que vão desaparecendo várias espécies esta possivelmente será mais uma e a biodiversidade no planeta está cada vez mais em risco, asfixiada pelo constante aumento de seres humanos que acabarão por desaparecer também sem meios nem recursos para se manterem.