A velhinha Blockbuster pode estar prestes a ganhar uma nova vida — para se tornar um serviço de streaming “descentralizado”

(dr) AirBnB

Empresa norte-americana de aluguer de DVD’s dominou durante décadas a distribuição de filmes para o mercado doméstico, mas a chegada da internet representou uma revolução da qual nunca conseguiu recuperar. 

Depois da tentativa falhada de comprar uma cópia da Constituição norte-americana no mês passado, uma nova organização autónoma descentralizada estabeleceu como objetivo a aquisição a agora obsoleta rede de lojas de aluguer de DVD’s a Blockbuster. A intenção foi conhecida no dia de Natal, através da conta de Twitter BlockbusterDAO – tal como o grupo é conhecido -, com uma publicação onde se estabelecia também a meta de reunir mais de cinco milhões de dólares. Este será o valor necessário para tirar a empresa do controlo da Dish Network, rede que comprou a antiga gigante do audiovisual em 2011 por 320 milhões de dólares.

No entanto, o grupo tem uma motivação específica para a aquisição: fazer da Blockbuster o primeiro serviço de streaming de filmes descentralizado e, eventualmente, estabelecê-lo como uma marca capaz de criar tendências e se afirmar no mercado – à semelhança do conseguido pela HBO e pela Netflix, cujos filmes e séries têm vindo a suplantar, nas principais entregas de prémios, alguns dos mais reputados estúdios de Hollywood. Os potenciais futuros donos da Blockbuster também apontam para a possibilidade de a empresa gerar anualmente receitas na ordem dos mil milhões de dólares.

No conjunto de mensagens deixadas no Twitter, o grupo de DAO (sigla em inglês para organização autónoma descentralizada) explicou a empresa tem valor não só por incluir uma componente nostálgica, mas também por ser uma marca histórica no setor dos filmes.

Outro dos pontos que o levou a mostrar interesse tem que ver com o recente processo de reorganização da empresa, o qual, dizem, não foi suficiente para a salvar de uma “liderança péssima com nenhuma habilidade para a gestão e para a tomada de decisões de negócio“, pelo que faz todo o sentido trazer a Blockbuster para a Web3, enquanto propriedade da população e gerida também pela população. “A Blockbuster e os Estados Unidos da América são muito parecidos nesse aspeto” pode ler-se numa das publicações.

Os DAO’s seguem o mesmo princípio dos fundos de criptomoedas, ou seja, reúnem recursos do público – pessoas capazes de assegurar o poder de voto e influência através de fichas (as chamadas NFT) ou outras formas de criptomoedas. Esta tendência tem ganhado força e adeptos nos últimos meses, com os interessados a virarem-se para esquemas de propriedade descentralizada.

De acordo com os princípios destas organizações, a descentralização acontece para as tornar democraticamente mais eficientes quando comparadas com os métodos tradicionais de aquisição e posse. No entanto, não estão livres de riscos. Tal como nota o site Gizmodo, muitas vezes os promotores da iniciativa são indivíduos pouco organizados, não tendo sequer um site próprio – tal como acontece para o projeto de compra da Blockbuster.

A tentativa de compra da Constituição norte-americana é outro exemplo de como os apoiantes podem sair defraudados. Neste caso, que reuniu quase 200 mil investidores, os promotores haviam prometido devolver o dinheiro aos investidores caso a licitação falhasse, mas tal não se veio a comprovar, já que o grupo enveredou por estratégias alternativas.

ZAP //

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