Investigação revela a variabilidade dos corais na tolerância ao calor

As ondas de calor marinhas dizimaram os corais nos últimos anos e o futuro parece sombrio para os recifes tropicais, se o ritmo das alterações climáticas continuar ao ritmo atual.

Um novo estudo mostrou a quantidade de corais em stress térmico, e o quanto varia de uns para outros, de acordo com a Phys Org. Uma equipa da Universidade de Newcastle e do Palau International Coral Reef Center expôs corais extraídos de um único recife a uma onda de calor marinha experimental.

Os investigadores descobriram era necessário o dobro da dose de stress térmico para induzir branqueamento e mortalidade em 10% dos corais mais tolerantes, em comparação com os 10% menos tolerantes.

As conclusões foram publicadas na revista Proceedings Of The Royal Society B: Biological Science, e revelam que no final da exposição ao stress térmico, os corais menos tolerantes estavam mortos, enquanto os mais tolerantes sobreviveram.

Surpreendentemente, esta variação não pareceu estar relacionada com o tipo de algas simbióticas a que os corais estavam associados, sugerindo que o próprio coral era mais tolerante ao calor.

James Guest, investigador da Escola de Ciências Naturais e Ambientais e co-autor do estudo, explica que se sabe “que os corais variam na sua tolerância ao stress térmico entre espécies e em diferentes locais”.

No entanto, “os cientistas marinhos raramente examinaram quanta variação existe entre corais que vivem lado a lado no mesmo recife. Apesar de terem as mesmas condições, encontramos uma variação notável na tolerância ao calor, sugerindo capacidade de adaptação em alguns dos corais mais resistentes, que foram capazes de sobreviver às ondas de calor marinhas”, acrescenta.

Os autores principais do estudo, Adriana Humanes Schumann e Liam Lachs, dizem que “a variação individual na tolerância ao calor é crítica para que os corais se adaptem a temperaturas mais elevadas”.

“Mostramos que, sob um cenário ambicioso de emissões futuras, as diferenças encontradas equivalem a um atraso de 17 anos até ao início das condições anuais de branqueamento e mortalidade. Contudo, este atraso é limitado a apenas 10 anos sob um cenário de emissões elevadas”, acrescentam.

“Para que os recifes de coral persistam durante o próximo século, a adaptação deve acompanhar o ritmo do aquecimento dos oceanos. Contudo, ao mesmo tempo, as reduções globais das emissões de gases com efeito de estufa dos países já se comprometeram a ser realizadas para dar aos corais uma oportunidade de luta”, notam ainda os investigadores.

O estudo, juntamente com as projeções climáticas futuras, tem o potencial de alimentar métricas relevantes para as políticas, que podem informar diretamente as ações de conservação e restauração dos recifes de coral.

ZAP //

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