Mais de 500 pessoas protestaram em frente à Câmara Municipal de Valladolid, no noroeste de Espanha, depois de o presidente, León de la Riva, ter feito um comentário sobre violação numa entrevista na rádio.
Os manifestantes formaram uma corrente de sutiãs e pediram a demissão do presidente da Câmara Municipal, León de la Riva, que tem já histórico a fazer comentários sexistas.
O autarca tinha dito que tinha receio de estar sozinho com uma mulher, não fosse ela depois acusá-lo de a ter tentado violar.
“Imagine que entra num elevador, e há uma jovem se atira a si. Ela entra no elevador, tira o soutien e a saia, e depois sai a gritar que você tentou violá-la“, diz La Riva.
O termo foi criado por Ada Colau, uma conhecida activista social de Barcelona, que não tinha pensado em desencadear um protesto quando o usou pela primeira vez.
“Foi uma boa forma de resumir a indignação de mulheres e homens decentes deste país”, diz Colau à BBC.
“Mas é também uma forma de mostrar aos machistas como este La Riva que não nos tirarão nem a dignidade nem o sentido de humor”, acrescenta a activista.
ALCALDE MACHISTA FUERA DE MI VISTA #Valladolid #Escrachedesujetadores pic.twitter.com/P2GcNHFpBI
— AnonymousValladoLOL (@AnonValladolor) August 25, 2014
Polémicas
A entrevista do autarca espanhol ocorreu a meio de uma série de controvérsias envolvendo o crime de violação em Espanha, que também geraram uma forte reacção na internet.
A semana passada, um juiz espanhol desconsiderou um caso de estupro envolvendo cinco jovens na cidade de em Málaga, no sul do país, o que gerou protestos nas ruas e na internet, junto com a hashtag #NoEstásSola (não estás sozinha).
A reacção não se deu apenas pelo caso em si, mas pelos comentários feitos por algumas autoridades espanholas.
O presidente da Câmara de Málaga pediu aos moradores para não alardearem o caso, porque mais de 1000 casos de violação são registados todos os anos em Espanha e que, por isso, Málaga não deveria ganhar fama como um lugar perigoso.
Algumas semanas antes, o governo espanhol tinha divulgado um guia para reduzir o número de violações no país.
O guia recomenda que as cortinas de casa sejam mantidas fechadas e que os primeiros nomes dos moradores sejam removidos das caixas de correio.
Muitos ficaram chocados com esta abordagem e defendem que as recomendações atribuíam a responsabilidade da violação às vítimas, em vez de se focar nos criminosos.
ZAP / BBC