Uma pequena alteração na luminosidade do Sol tornaria a Terra um deserto infernal

ZAP // Dall-E-2

De acordo com uma simulação realizada por investigadores da Universidade de Genebra, uma pequena alteração na luminosidade do Sol poderia desencadear na Terra os fenómenos que tornaram Vénus um planeta estéril e infernal.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Genebra, na Suíça, conduziu um conjunto de simulações para compreender como é que Vénus se transformou de um planeta potencialmente habitável num cenário infernal inóspito.

O estudo, liderado por Guillaume Chaverot, pode ter implicações para a Terra, fornecendo novos dados sobre os perigos para o planeta de um efeito estufa descontrolado.

Vénus, que os cientistas acreditam que pode ter tido há milhões de anos uma superfície exuberante, muitas vezes considerado o “gémeo maléfico” da Terra, partilha algumas características com o nosso planeta, mas tem atualmente um ambiente extremamente hostil.

Ambos os planetas têm aproximadamente o mesmo tamanho, massa e densidade, e têm composições muito semelhantes. A evolução do ambiente de Vénus pode assim, dizem os autores do estudo, ser uma janela para o futuro da Terra.

A equipa de investigadores simulou o que aconteceria se a Terra fosse afetada por um efeito de estufa descontrolado, que pode transformar um planeta habitável num deserto árido.

As simulações revelaram que, nas primeiras fases desta transição, haveria uma rápida mudança na atmosfera e na camada de nuvens , que seria quase impossível de reverter.

“Pessoalmente, subestimei quão depressa o início desta transição ocorre”, diz Guillaume Chaverot ao Interesting Engineering.

O estudo, publicado a semana passada na Astronomy & Astrophysics, permitiu concluir que um ligeiro aumento na luminosidade do Sol poderia desencadear um efeito estufa descontrolado na Terra, levando a um aumento drástico das temperaturas globais.

Este evento conduziria a uma evaporação dos oceanos e à criação de um ciclo de feedback dos valores de vapor de água na atmosfera a que os cientistas dão o nome de “runaway greenhouse gas effect”.

Vénus sofreu esta transformação, que resultou na sua atual temperatura média de superfície de 464°C, há 250 a 3 mil milhões de anos.

Este ambiente hostil representa também enormes desafios para as missões espaciais ao planeta, como foi o caso da missão soviética Venera 7, que em 1970 fez pousar pela primeira fez uma sonda terrestre noutro planeta.

A equipa de Chaverot identificou características-chave do processo de efeito estufa descontrolado, como o desenvolvimento de nuvens densas na alta atmosfera, indicando uma alteração fundamental nas camadas atmosféricas do planeta.

Segundo um estudo de investigadores da Universidade de Chicago, publicado em janeiro deste ano na PNAS, se Vénus alguma vez teve condições habitáveis, e água líquida na sua superfície, foi há muito tempo e por um breve período.

Atualmente, Vénus é extremamente seco e tem baixos níveis de oxigénio. A sua atmosfera, extremamente espessa, tem 96% de CO2 e 3% de azoto, e uma pressão 90 vezes superior à da Terra, embalada por ventos fortes e ácidos.

Será que algum dia a Terra seguirá o destino do seu “gémeo maléfico”?

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