Mais de metade dos novos glifos foram encontrados com a ajuda da inteligência artificial. A maioria é do tipo relevo, que é geralmente mais pequeno e retrata humanos e animais domesticados.
Nos desertos do sul do Peru, os enigmáticos glifos de Nazca – desenhos gigantescos gravados na terra – há muito que cativam os arqueólogos. Estes antigos geoglifos, que só podem ser totalmente apreciados a partir do céu, têm intrigado os especialistas desde a sua descoberta na década de 1940.
Até à data, tinham sido identificados cerca de 430 glifos na árida Pampa de Nazca. No entanto, um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences quase duplicou este número, descobrindo 303 novos glifos em apenas seis meses.
Esta descoberta foi possível graças à utilização inovadora de drones e de inteligência artificial (IA). A equipa, em colaboração com o Centro de Investigação Thomas J. Watson da IBM, desenvolveu um algoritmo capaz de detetar sinais ténues destes símbolos antigos que não tinham sido detetados em pesquisas anteriores. De forma notável, 178 dos glifos recém-descobertos foram identificados pela IA, demonstrando o potencial da tecnologia para ajudar na investigação arqueológica.
Os glifos de Nazca têm sido difíceis de detetar devido à sua idade e à vastidão da Pampa de Nazca, que se estende por 400 quilómetros quadrados. Esculpidos entre 500 a.C. e 500 d.C., os glifos foram desgastados por séculos de intempéries, tornando-os cada vez mais difíceis de detetar, explica o Science Alert.
Os investigadores acreditam que os glifos tinham uma função sagrada, provavelmente ligada a peregrinações a Cahuachi, um centro cerimonial da cultura Nazca. Cahuachi tem vista para alguns dos glifos a partir de montes altos, o que sugere que os geoglifos foram concebidos para serem vistos por aqueles que fazem viagens religiosas.
Os glifos recém-descobertos são principalmente geoglifos do tipo “relevo”, que são mais pequenos e mais complexos do que os geoglifos maiores do tipo “linha”. Os glifos do tipo relevo representam normalmente seres humanos e animais domesticados, enquanto os do tipo linha representam animais selvagens.
As novas descobertas incluem figuras humanóides de aparência alienígena, cabeças decapitadas, possíveis cerimónias históricas e uma orca armada com uma faca.
A equipa está agora concentrada em decifrar a informação codificada nestes geoglifos. Nas antigas civilizações andinas, informações sociais importantes eram frequentemente transmitidas através de arranjos simbólicos. Os investigadores acreditam que os glifos de Nazca podem conter pistas para compreender as práticas culturais e religiosas dos povos que os criaram.